sexta-feira, 20 de julho de 2012

MISSÃO XAVERIANA NOS CAMARÕES - CHADE


REPÚBLICA DOS CAMARÕES


Camarões é um país africano, limitado a oeste e a norte pela Nigéria, a leste pelo Chade e pela República Centro-Africana, a sul pelo Congo, pelo Gabão e por Rio Muni (Guiné Equatorial) e a oeste pelo Golfo da Guiné, através do qual faz fronteira com a Guiné Equatorial, via a ilha de Bioko. A capital é Yaoundé.
Os navegadores portugueses - notadamente Fernão do Pó - chegaram à costa dos Camarões em 1472. Notaram a abundância de camarões (Lepidophthalmus turneranus) nos mangues do rio Wouri e o denominaram Rio dos Camarões, de onde deriva o nome actual do país.



Apesar da chegada dos portugueses à costa dos Camarões no século XV, a malária impediu os europeus de se instalarem e conquistarem os territórios do interior até ao fim da década de 1870, quando grandes quantidades de quinino se tornaram disponíveis. No início, os europeus estavam sobretudo interessados em comerciar, o que faziam na zona costeira, e adquirir escravos. O comércio de escravos foi reprimido a meio do século XIX, ainda na parte final desse século instalaram-se nos Camarões missões cristãs, as quais continuam a desempenhar um papel na vida do país.

No dia 5 de julho de 1884 a totalidade do território camaronês e alguns territórios vizinhos tornaram-se a colónia alemã de Kamerun, com a capital situada primeiramente em Buéa e depois em Yaoundé. Após o final da Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido e a França dividiram essa colônia, cabendo à França a maior área, sendo as zonas mais distantes transferidas para o domínio de outras colônias francesas, e governando o restante a partir de Yaoundé.

Os Camarões franceses alcançaram a independência em 1960 sob a denominação de República dos Camarões, no território conhecido como Camarões do Norte e Camarões do Sul. No ano seguinte, a maioria muçulmana do norte, que dominava dois terços dos Camarões britânicos, votou pela adesão à Nigéria, enquanto que no sul a maioria cristã, votou de forma que o outro terço dos Camarões britânicos aderisse à República dos Camarões, formando a República Federal dos Camarões. Permanece no entanto em aberto o conflito da Ambazónia (Camarões do Sul).


MISSÃO XAVERIANA NOS CAMARÕES-CHADE

Adriano Cunha Lima, sx


Queridos irmãos e irmãs é com alegria que partilho com vocês um pouquinho da vida dos xaverianos nestas terras africanas. Fazem somente três anos que estou na capital dos Camarões, Yaoundé, e durante dois meses  tive a grande oportunidade de conhecer o Chade. Assim sendo eu lhes preparo para uma partilha pessoal, resultado das minhas experiências. Um outro teria a liberdade de ver uma ou outra coisa diferentemente.

Às vezes pensamos que África é um país. Ora, a África é um continente como a América. E os Camarões é diferente do Chade como o Brasil é diferente do Paraguai. Neste grande e diverso continente africano os xaverianos estão em 6 países : Congo (RDC), Burundi, Serra Leoa, Moçambique, Camarões et Chade. Se os xaverianos no Brasil dividiram a missão em duas regiões, nós aqui juntamos dois países para formar uma única região : os Camarões e o Chade (aqui diríamos le Cameroun et le Tchad). Falar destes dois países tão diferentes em poucas linhas me parece difícil. Prefiro então, deixar o Chade para uma proxima vez.

Os Camarões tem uma população de 19, 4 milhões e uma superfície de 475 440 Km2 (para imaginar, nós podemos pensar no Estado de Minas Gerais, tanto quanto ao tamanho que quanto à população). Este país conta com 260 grupos étnicos, cada um com sua língua própria. Esta variedade da população acompanha a grande diversidade natural deste país que lhe dá o direito de ser conhecido como a « África em miniatura ». O francês e o inglês são as duas línguas oficiais. No dia 1° de janeiro de 2010 nós celebramos 50 anos de sua independência da França. O presidente atual é Paul Biya, cargo que ele ocupa depois de 1982. A democracia me parece extremamente frágil. Os cristãos formam mais de 50% da população, os mulçumanos 24,8%, o restante esta ligado às religiões tradicionais. A esperança média de vida é de 51, 7 anos.

Os xaverianos chegaram nos Camarões em 1986. Hoje em dia estamos presentes em 6 comunidades em 4 cidades diferentes. Uma paróquia e a comunidade de filosofia em Bafoussam ; uma paróquia e um centro missionário na cidade de Douala (capital econômica do país) ; uma paróquia e um centro cultural em Yagoua (extremo norte do país) ; e uma paróquia e nossa comunidade de teologia na periferia de Yaoundé (capital do país). Todas as nossas missões estão em zonas onde se fala o francês. É aqui em Yaoundé também a sede da revista do Centro de Estudos Africanos (Centre d’Études Africaines) que começa a produzir seus primeiros números.

Nossos trabalhos nestas comunidades são diferentes de acordo com o meio e as orientações das dioceses. Um grande ponto em comum das nossas paróquias é a existência das comunidades eclesiais de base, chamadas aqui de comunidades eclesiais vivantes. Em Douala a animação missionaria começa a dar frutos. O primeiro é a existência de um grupo de amigos dos missionários xaverianos que já caminha bem. Em Yaoundé um outro « GAMIX » parece querer surgir. Desta terra ja partiram missionários xaverianos para o mundo : Colômbia, México, Itália, Filipinas, Burundi, Chade e aqui mesmo nos Camarões. Sem falar que no próximo ano escolar nós teremos representantes dos Camarões nas nossas quatro teologias internacionais. Mesmo querendo deixar o Chade para uma próxima vez é importante dizer que o primeiro xaveriano chadiano estará à partir de outubro deste ano começando o ultimo ano dos estudos de teologia aqui em Yaoundé. Que Deus lhe dê perseverança !

A minha grande alegria em estar aqui foi a possibilidade de conhecer tanta gente boa. É bonito descobrir que temos irmãos tão distantes da gente e que formam uma só família ao lado do Pai. Encontrei um povo ativo na vida da Igreja, que gosta de se formar. Descobri que a África que imaginamos no Brasil não corresponde nem à 10% daquilo que vemos aqui. E aquelas imagens feias que vemos na televisão se contrastam com o sorriso de um povo que gosta da vida. Os jovens são muito disciplinados para os estudos. Existe uma grande variedade na comida e graças à boa acolhida das família eu pude provar uma grande parte. Se de um lado as cores e os tambores nos fazem ver a África tradicional ainda presente, os celulares, gravatas e computadores nos mostram sua proximidade com o mundo globalizado.

Não quero dizer com isso que a vida seja fácil. Este país tem problemas sérios à resolver. Uma grande melhora no sistema de saúde seria necessário. Aqui tudo se paga, resultado… nem todos tem o verdadeiro direito à saúde. As condições de saneamento não são das melhores. Água e eletricidade faltam sempre e são caras… 
Coisas que muitos brasileiros conhecem perfeitamente. Talvez o grande problema é a falta de vontade política que abre um grande espaço para a corrupção que se estende à todos os setores da sociedade. Penso ainda mais nos jovens que, como os nossos do Brasil, procuram intensamente uma vida melhor. Muitos aqui com mestrados e doutorados estão nas filas de emprego.




Estes problemas não são acolhidos como uma fatalidade, mas como desafios que devemos enfrentar. Como resultado do último sínodo sobre a África o papa Bento XVI pediu que a Igreja, aqui presente, seja sinal de reconciliação, de justiça e de paz. No seu documento (África e Munus) o papa diz que a África « é o pulmão espiritual por uma humanidade em crise de fé e de esperança ». 




Estudando a teologia aqui acredito que os cristãos africanos tem muito à dar para nossa Igreja universal. E nossos cristãos do Brasil poderiam partilhar muito mais da nossa fé, também tão viva, com nossos irmãos do outro lado do Oceano Atlântico. Já escrevi bastante, foi só um tira gosto. Fica com vocês um grande e forte abraço dos xaverianos aqui dos Camarões, principalmente dos três brasileiros que aqui estão: Pe Herondi, Rafael e eu.



Adriano Cunha Lima, sx

segunda-feira, 2 de julho de 2012

MISSÃO XAVERIANA NO MATO GROSSO



“Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas).

Com o coração agradecido a Deus que abençoa, acompanha e ilumina a missão, gostaríamos partilhar com todos vocês, amigos e familiares, as grandes maravilhas que Deus fez na Paróquia de São Jose em União do Norte, durante a missão que foi realizada em 3 meses, concluindo com uma semana intensa de atividades missionarias. Vamos contar como aconteceu isso.


Um sonho foi construído a partir da assembleia diocesana em Sinop o ano passado, baseado nas diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil 2011-2015, nas quais se coloca a urgência da Igreja de ficar em estado permanente de Missão: “Facilidades geram mais acomodação do que crescimento. Igreja acomodada se torna medíocre, morna, sem gosto. Surpreendemo-nos quando sabemos que alguém trocou de religião e fica dizendo que lá encontrou Jesus. E nos perguntamos: como é isso? Será que Jesus não estava aqui o tempo todo, na Palavra, na Eucaristia, na missão?... Mas fica evidente que mesmo que não tenha faltado a presença de Jesus, algo importante ficou ausente” (Estudos CNBB 97, n. 23).


Tudo isso mexeu com a gente e logo foi dialogado primeiramente com o Pároco Pe. Renato e depois com algumas lideranças da Paróquia, perguntando-lhes se isso poderia dar  certo na Vila, pois tínhamos percebido um pouco de indiferença religiosa e queríamos mexer, incomodar, profetizar que: o impossível torna-se possível quando contamos com a cumplicidade de Deus em nossas vidas, mas sobre tudo para reavivar o zelo missionário do ser cristão.

Contamos com um povo muito querido, porem necessitado de motivação, utopia, e sonhos coletivos onde cada um coloca o seu talento, a sua riqueza o seu amor à Igreja. O primeiro passo foi convocar os leigos e, graças a Deus, encontramos gente que acreditou num jeito novo de ser Igreja, contando com a colaboração de 35 leigos que foram o fermento que provocou a missão na Vila.

O segundo passo foi contatar os Missionários Xaverianos, os quais  responderam positivamente ao convite. Ficamos tão agradecidos a Deus pelo sim desses, pois juntar quatro padres xaverianos, cada um com a responsabilidade de conduzir uma paróquia foi mesmo um milagre! Com disposição e desapego viajaram do Paraná e São Paulo ao Mato Grosso, carregando consigo uma boa dose de loucura pelo Reino.

A Vila foi dividida em 5 áreas, cada uma contaria com a presença de um Padre e uma irmã xaveriana, outra surpresa muito linda foi contar com a presença de uma leiga missionária xaveriana, Ana, que com muita disposição e alegria completou a equipe missionária ficando na área do Pe. Renato, e assim deu-se inicio à semana missionária, após um árduo trabalho de formiguinha no qual visitaram-se as famílias preparando-as e motivando-as para frequentar e fazer experiência pessoal com Jesus Cristo; essas visitas duraram três meses.

Durante a semana missionaria realizaram-se as seguintes atividades: visita e benção das famílias, palestras para os casais com a benção dos mesmos, visita nas escolas da Vila, encontro de jovens e adolescentes, encontro com os homens de cada área, benção e envio das mães, encontro de formação das catequistas e ministros, encontro e benção das crianças, celebração penitencial, benção dos comércios e a reza do terço missionário. Dentro da semana aconteceu a Solenidade do Corpus Christi, assim saímos de cada área em procissão, concluindo com uma lindíssima Celebração Eucarística. Aproveitando o feriado saímos juntos à cachoeira e assim passamos a tarde toda curtindo esse inesquecível momento fraterno no esplendor dessa bela natureza.

A missão tinha também outro lado celebrativo importante, os 50 anos de vida missionária religiosa da Ir. Elisa Priante, a qual com os seus 82 anos ainda está atuante na missão de União do Norte. O fato dela ter cultivado a própria vocação no quotidiano, impactou e serviu de testemunho para as novas e velhas gerações, pois tudo é possível quando acreditamos que Deus está ao nosso lado e com a sua graça os nossos sonhos tornam-se realidade. O pe. Joao Bortoloci, durante a celebração, lembrou uma frase de Dom Helder Câmara para a Ir. Elisa na celebração dos 50 anos é a seguinte: É graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca. E como é verdadeiro esse sentir.

Confirmamos ser gente de esperança, capaz de acreditar e gerar Vida aonde a sociedade só enxerga morte, capazes de semear alegria nos lugares aonde a tristeza impera, acreditar que o nosso protagonismo pode construir, pedrinha por pedrinha, a união e a identidade deste amado povo de União do Norte.

Partilhar com vocês essas maravilhas nos fortalece e nos impulsiona a sonhar com os pés no chão; é urgente criar na Paróquia a pastoral da visitação, criar novos grupos de reflexão nas áreas, criar laços afetivos e efetivos para uma nova Evangelização que atinja cada cristão de perto e de longe, preto ou branco, rico ou pobre, etc… enfim, viver a lógica da inclusão, porque o nosso DEUS veio para nos abraçar a todos sem distinção. Esse é o ideal que nos mantém nessa santa tensão.

Não podemos deixar de lado o sentir dos missionários leigos que fizeram acontecer a missão na Vila; eis alguns depoimentos:

“Que pena que o tempo foi muito curto, pois essa semana foi muito marcante, cada família teve o prazer de receber a visita de um Padre na sua casa. Para varias famílias esse fato foi uma grande surpresa. Ficamos muito felizes com os encontros, as missas, palestras e confissões. O que mais me surpreendeu foi a criação do grupo dos homens que se juntaram uma vez por semana para a reza do terço. Tenho certeza que com essa missão iremos fortalecer ainda mais o nosso povo católico” (Luciana da Conceição, Secretaria da Paróquia)

“As missões para mim foram um aprendizado a mais na minha vida, porque, com a graça de Deus e a força da Palavra, hoje posso dizer que tudo é possível, porque vi a presença de Deus em todas as partes, nas dificuldades e nas alegrias. Houve uma bonita experiência de partilha e conhecimentos humanos, onde a gente vive a realidade em palavras, gestos, risos e ação, partilhando a sua vida e a vida de cada família que vive a sua situação e os seus valores, costumes, diferenciados, defendendo a sua crença e lutando pelos seus objetivos, mas sempre prontos para receber a Palavra de Deus. E para nós, leigos e leigas que vivemos essa experiência, é o maior incentivo para podermos continuar essa caminhada” (Selma Maria da Silva, coordenadora da catequese).

“A presença dos quatro missionários Xaverianos foi uma grande benção para a nossa Vila. Durante três meses ficamos visitando as cinco áreas nas quais dividimos a Vila  procurando formar  novos multiplicadores leigos missionários das mesmas áreas. Através desse trabalho se mexeu com o povo. Andamos uma semana de casa em casa, abençoando-os e orando pelos doentes, com encontros que aconteceram na parte da noite. Devemos esta presença e atenção às Irmãs Xaverianas aqui presentes. Quando levei os 4 padres  para Sinop, comentaram da sua felicidade em ter vivido  esses 10 dias entre nós. Foi para nós e para eles uma grande experiência missionária” (Pe. Renato Scheifer, Pároco).

“Olhando minha longa caminhada dos 50 anos de vida missionária, só tenho que agradecer a Deus pela sua infinita Misericórdia, de estar sempre ao meu lado, nos momentos difíceis e nos momentos de alegria, sustentando a minha vocação e a minha fidelidade à missão. Agradeço a Deus e as minhas superioras que, apesar da minha idade, posso estar trabalhando na missão. Peco a Deus a   graça de ser fiel e trabalhar até o fim da minha vida pelo Reino de Deus e pelos irmãos que mais necessitam” (Ir. Elisa Priante, Missionaria de Maria Xaveriana).

"O bairro de Samambaia foi privilegiado por contar com a presença de Pe. Joao Bortoloci. Ele fez muita gente ir na Igreja através das visitas nas casas. Todas as casas que visitamos nos receberam muito bem durante esses 10 dias, embora não deu para visitar todas, porque esse bairro é um dos mais grandes da Vila. Porem daria para formar 4 grupos de reflexão. Foi muito bom aprender aquele jeito lindo que o Pe. João tinha para com o povo. O padre João celebrou varias missas nesses 10 dias, o povo participou muito bem e ficou com saudade desse grande e querido missionário” (Clemencia, coordenadora dos grupos de reflexão).

Felicitas J. Santiesteban, mmx

Ser leigo na Igreja hoje

De um modo geral, as pessoas podem entender (ou achar) que todos aqueles que participam de uma maneira ou outra da Igreja ou de alguma comun...