sexta-feira, 18 de outubro de 2013

“DEIXE-SE SURPREENDER POR DEUS”

“30 ANOS DE SACERDOTE DO Pe. JOÃO
Meu irmão e irmã de caminhada
Tem coisas que não dá pra guardar só para a gente. Sinto-me um vaso pequeno por tanto amor recebido. Partilho com você um pouco deste amor, presente de Deus, de tanta gente que passaram a fazer parte em minha vida e você também colaborou neste caminho.
À você a quem fui chamado a estar muito próximo, partilho algumas surpresas que Deus foi me fazendo na minha caminhada. Retomo dois textos bíblicos que se tornaram marcas, bandeiras, ícones em minha vida. O primeiro vem da Festa de Caná da Galiléia e o Papa Francisco me fez retornar à fonte: “quando batemos na porta de Maria, ela nos apresenta Jesus” e nos diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). O segundo vem de DT 32,7-10 onde somos chamados a recordar os dias passados e contar para as gerações que Deus nos guardou com carinho. São Guido Maria Conforti, fundador da minha e nossa família xaveriana dizia: “Deus não podia ter sido melhor para conosco”.

        Ao celebrar 30 anos de minha vida sacerdotal, não posso me esquecer que Deus me proporcionou e continua me presenteando com muitas experiências bonitas de sua graça. Vejam só:

1-    A experiência do dom da vida: agradeço de coração a Deus e a meus pais por terem me deixado nascer sendo eu um dos últimos de quase 20 irmãos. Por isso, faço minha esta oração, este cântico: “Senhor da vida, seu amor nos faz recomeçar. Eu sei que a nossa vida, é vida perdida pra quem não amar. Bendito seja o Deus da vida.

   2-    A experiência de ser amado por Deus: sentir-se amado por Deus faz a gente vibrar com a vida, apostar na esperança e sonhar que um mundo melhor é sempre possível. Ao mesmo tempo que somos amados, somos chamados a amar. Esta é uma grande dívida que temos para com Deus: sermos testemunhas do seu amor cheio de compaixão.


3-    A experiência da vocação cristã : louvo sempre a Deus pela fé que recebi do berço de minha família e que foi alimentada na minha comunidade, na minha caminhada vocacional e missionária, tornando-se uma chama que arde e me abre sempre mais para a ação do Espírito Santo.

4-    A experiência de oração: como os primeiros discípulos, também eu como discípulo missionário de Jesus Cristo peço sempre a Ele, “ensina-me a rezar”. Dai-me “ouvidos de discípulo” para lhe escutar, assim como “escutar os clamores do seu povo”. Abre os meus olhos para um olhar de
fé, de esperança e os meus lábios para cantar a sua ação na história. Toma o meu coração e conserta-o para que eu possa testemunhar com toda a minha vida o seu amor misericordioso.

  5-    A experiência de um chamado especial de Deus: não tenho palavras para manifestar a minha gratidão a Deus pelo dom do sacerdócio com o qual Ele me ungiu e pela minha consagração missionária fazendo parte da Congregação dos Missionários Xaverianos que me acolheu e me desafia a ser sempre mais de Deus e à serviço do seu povo, sobretudo daqueles que ainda não fizeram a experiência da ternura e da bondade de Deus.

6-    A experiência da caminhada com o povo de Deus: Não me canso de louvar a Deus por tantas experiências bonitas com o seu povo  em tantos lugares e comunidades por onde passei. Quanta bondade, acolhimento, alegria, fé, espírito de serviço, gratidão, esperança, amor... Quanta graça, Senhor! “Somente a sua graça me basta e mais nada”.

7-    A experiência da amizade: Quantos corações amigos encontrei na vida,
sobretudo nestes 30 anos de sacerdócio que vou celebrar em outubro deste ano. Amigos com os quais partilhei a minha vida. Mães e pais amigos que me acolheram como filho; filhos e filhas que me acolheram como irmão; jovens, adolescentes e crianças que me acolheram como pai. Quantos padres, bispos, consagradas e consagrados que me ajudaram a viver a minha consagração. Quantos leigos e leigas que me encantam  pela disponibilidade, entusiasmo, pelo espírito de serviço e fraternidade, espírito missionário, alguns até assumindo como leigos missionários xaverianos. Deus é sempre criativo e seu carinho de verdadeira amizade nos renova a cada dia.

8-    A experiência da missão além fronteiras: Nunca estive tão perto, tão próximo de Deus como nos dez anos em que fui presenteado por Ele com a missão em Moçambique. Os primeiros sentimentos e as primeiras palavras que saíram do meu coração, ao pisar naquele chão bendito, foi: Deus está aqui! Quanto mais próximo daquele povo pobre mais aumentava este sentimento. Vibrei com o Papa Francisco quando ele
disse: ”precisamos ser uma Igreja pobre a serviço dos mais pobres”. Precisamos ser cada vez mais próximos, sobretudo daqueles que mais precisam da nossa solidariedade.

   9-    A experiência de propor o dom da vocação e acompanhar os vocacionados: precisamos crescer na paixão por aquilo que fazemos à partir da escolha de vida que fazemos. Deus é sempre “Com-Paixão”, por isso tem o poder de tocar nos corações e despertar os sonhos que ele colocou dentro de cada um dos seus filhos e filhas. Faço com prazer a minha missão de propor aos jovens o chamado de Deus e acompanhá-los em seu discernimento. Precisamos ser geradores desta vida que muitas vezes fica em sonhos frustrados porque não tocamos no coração das pessoas por não vivermos em profundidade a nossa vocação. Precisamos apostar na juventude pois Deus continua chamando e sonhando com eles . Diga como o salmista e como Maria: “Eis que venho, com prazer, fazer a vossa vontade, Senhor”.

10-                       A experiência da cruz e da ressurreição: Deus sempre nos surpreende com seu amor. Deixou o seu Filho Jesus morrer pregado na
cruz pela nossa salvação. Um instrumento de maldição tornou-se instrumento de paixão, de vida em plenitude. Nestes últimos dias ele me surpreendeu, após um exame no intestino  com a doença de dois pólipos cancerígenos: um de alto grau, outro de grau menor. Recebi esta notícia no dia da chegada do Papa Francisco no Brasil. Coloquei-me nas mãos de Deus pedindo a  intercessão de Nossa Senhora Aparecida e de   São Guido Maria Conforti. O meu pedido foi este: “Senhor, se for para crescer na sua graça,

faça-se a sua vontade e, se não for para crescer na sua graça, faça-se a minha vontade, pode me levar, pois não quero perder tantas graças que recebi. No domingo da despedida do Papa Francisco acordei com muita dor no intestino, coisa que nunca tive e,  celebrando a Santa Missa das 10,30 hs na Igreja Bom Pastor, em Curitiba, no final da homilia, convidei o povo a olharmos para a Imagem de Nossa Senhora Aparecida com aquele olhar do Papa Francisco, em Aparecida, pedindo força para sua missão e para a juventude. Desde aquele momento já não sei mais o que é dor e tenho certeza que Deus me curou. Estou sendo acompanhado pela medicina e os próprios médicos me incentivaram a contar a ação de Deus, sobretudo por terem descoberto ainda no início, tornando-se mais fácil de cirurgia. Porém, o milagre maior foi o de sentir um Deus muito próximo de mim, por ter aumentado a minha fé e de renovar com maior ardor missionário a minha consagração e o meu sacerdócio  apostando sempre mais no Carisma e na espiritualidade missionária de S. Guido Maria Conforti.


Muito Obrigado, Senhor, por este grande presente que me deu para que eu pudesse estar celebrando os 30 anos de minha vida sacerdotal acolhendo com muita fé e alegria as surpresas do seu amor para comigo e renova-me em minha consagração, o meu sacerdócio sempre em vista da missão.
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Finalizo propondo à você as três posturas com as quais o Papa Francisco nos desafiou:
a)  Conserve sempre a esperança
b)  Deixe-se surpreender por Deus
c)   Viva com alegria a sua fé.

Pe. João Bortoloci Filho

            joaobortoloci@bol.com.br
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