sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

OS MISSIONÁRIOS XAVERIANOS NA CHINA


«O instituto que pretendo iniciar tem finalidade única e exclusiva o anúncio de Jesus Cristo e seu evangelho em qualquer lugar do mundo, no entanto peço humildemente que os meus missionários sejam enviados no continente asiático seja por ser este o lugar onde maior é o número dos não cristãos, e também por ter sido o lugar do apostolado se São Francisco Xavier, de fato a congregação vai tomar o nome deste santo missionário».
Com estas palavras São Guido Maria Conforti comunicava à Santa Sé sua decisão de criar uma família de missionários que atuassem entre os povos e as culturas que ainda não foram atingidos pelo Evangelho, a Boa Notícia de Jesus Cristo, Filho de Deus.
A China foi a meta inalcansada de São Francisco Xavier, que faleceu quando tentava entrar (3 de dezembro de 1552). A China foi o sonho realizado de São Guido Maria Conforti. Os seus filhos, os missionários xaverianos, atuaram na China desde o início de sua aventura missionária na Igreja e no mundo. Durante a vida do Fundador (+ 1931) foram na missão do Honan Ocidental vinte e dois grupos. Após sua morte continuaram com fidelidade ao desejo do Fundador até quando, avançando as tropas de Mao Tsé-Tung foram expulsos. Quase todos passaram pelo julgamento popular, isto é, colocados na praça pública para serem alvo de ofensas e maus tratos. Muitos experimentaram também o duro cárcere chinês.
Não era a primeira vez! Os Xaverianos já tinham experimentado a perseguição na revolução dos Boxer (1900). Em Taiwan (Shanxi), missão dos primeiros dois xaverianos foram, mortos dois bispos, padres, irmãs, seminaristas e vários cristãos. Os dois xaverianos foram salvos por estarem visitando comunidades do interior.
Terminando a dinastia Qing, a última (1911), a China mergulhou em um período de desunião e guerras civis que dividiram o país em dois principais campos políticos - o Kuomintang e os Comunistas. Tempo de guerras, de assaltos às aldéias e às missões e para os mission;arios longos períodos de detenção.
Apesar das dificuldades e das guerras São Guido fez questão de visitar seus missionários, assim chegava em 1928 naquela missão que tanto tinha desejado desde sua adolescência. Ficou quase dois meses visitando residências e encontrando todos os seus filhos, os xaverianos.
O exército de Mao Tsé-Tung ocupou quase toda a China (ficou fora a ilha de Taiwan e outras ilhas menores) em 1949, então pelos comunistas vitoriosos foi estabelecida definitivamente a República Popular da China dominando a filosofia e a política marxista-leninista, chamada na China de Maoismo.
Naquele momento a missão xaveriana tinha crescido, os missionário eram 116, e o grande território da primeira missão dividido em três partes, com três bispos xaverianos. Igrejas, casas, hospitais, creches... Tudo ficou perdido, mas não a fé dos cristãos que até hoje continuam fieis à Cristo e à sua Igreja apesar da hostilidade e da perseguisão das autoridades.
Os xaverianos não perderam os contatos e em 1984 voltaram em Taiwan e a partir desta porção da China entram no continente a vários títulos: professores, guias a excursões arqueológicas, visitas a museus e seu diretores pois os xaverianos continuam cuidando de um importante e tombado museu de arte chinesa em Parma (Itália). Museu iniciado pelo próprio fundador, São Guido Maria Conforti.

PADRES XAVERIANOS DO CONGO E BLANGADESH CHEGAM AO BRASIL

Da esquerda para direita: Pe. Augustinho (Congo), Pe. Lucas (Blangadesh) e Pe. Crispim (Congo)

TESTEMUNHO DA MISSÃO NO CONGO - POR PADRES XAVERIANOS CONGOLÊSES

Algumas coisas bonitas:
Servir e testemunhar ao preço da própria vida.

“Quem quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas,  quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, irá salvá-la” (Mc: 8, 35). 


Achamos que desta frase bíblica brota uma forte convicção missionária que anima muitos confrades Xaverianos no Congo. É melhor antes de falar da missão dos confrades neste país, olhar seu contexto político, social e cultural. O contexto político e social está marcado especialmente pela precariedade da vida de muita gente: o analfabetismo (mais de 37% da população); doenças, por falta de estrutura sanitária; o serviço de higiêne é quase inexistente, há falta de água e eletricidade e, a política é caracterizada pelo egoísmo, pela corrupção, desvios dos fundos públicos, e sobretudo pelo problema da guerra, e isso acarreta que a maior parte da população viva na pobreza.
Trabalhar neste contexto onde há muitos desafios não é fácil: é preciso ter uma fé grande, e uma força interior ainda maior, e uma convicção missionária profunda.  À luz do XV Capitulo Geral, que convida todos os Xaverianos a trabalhar, respondendo sem deixar de lado o carisma da congregação pelos desafios do mundo atual, os padres xaverianos no Congo trabalham nesta perspectiva.
Assim, os confrades trabalham em quatro setores, a saber: pastoral paroquial, pastoral social, formação e animação missionária. Sem esquecer que o trabalho missionário precisa ser de anuncio, testemunho e denúncia; os padres Xaverianos  se esforçam por realizar isso pela vida e pelos gestos concretos. Por exemplo, um dos setores brilhantes das atividades dos confrades é setor da pastoral social. Neste setor, há  atividades de envolvimento como: construção das escolas (Colégio São Bernardo em Kinshasa, Instituto Guido Maria Conforti em Muhungu/ Bukavu; Intituto Simone Vavasori em Panzi/ Bukavu; Instituto AVENIR em Bukavu, ...). Em Bukavu e Uvira há o problema sério da falta de água potável,  os padres ajudam o povo no processo do tratamento da água. Os Estudantes do ISP (Instituto  Superior Pedagógico de Bukavu) são felizes de terem um padre xaveriano junto a eles, padre Faustino Turco, que os acompanha espiritualmente. É preciso saber que esta faculdade foi construída pelo padre Xaveriano Domenico Milani, é a faculdade onde estudavam os seminaristas do Congo, Ruanda Burundi.  
Os povos do Kamanyola, de Luvungi e alguns de Ruanda podem gozar por terem um hospital que também foi construído pelos confrades xaverianos à serviço do Congo, Ruanda e Burundi. Este hospital foi inaugurado no ano de 2011.
Podemos assinalar na mesma linha da pastoral social o desenvolvimento que um confrade, Luigi Stevani  há muito tempo (de forma anônima) sempre acompanhou os prisioneiros da prisão central de Bukavu.  Há também o padre Querzani Geovani, que brilha na pastoral da criança, atendendo crianças mal alimentadas e também por seu trabalho de acompanhamento aos jovens desabrigados. Outro padre, Ricardo Nardo, na Diocese de Bukavu, atua na  pastoral da saúde.
Não podemos falar de todos os detalhes e de todas as atividades que os confrades fazem na Republica Democrática do Congo, pois o trabalho é contínuo. O que nós partilhamos é um pouco das atividades realizadas pela missão xaveriana, e estas ações aparecem diante de todo mundo como maravilhas de Deus, refletidas pelo carisma da nossa congregação: o serviço gratuito e generoso em prol dos mais pobres.    

Pe. Crispim e Pe. Augustinho - Missionários Xaverianos do Congo e destinados para o Brasil

MISSÃO XAVERIANA DO CONGO

PADRES MISSIONÁRIOS XAVERIANOS

MISSÃO XAVERIANA NO CONGO


LADAINHA DE SÃO GUIDO MARIA CONFORTI

Fundador dos Missionários Xaverianos

1-  São Guido, chamado por Deus, desde a infância;

TODOS: Guiai-nos e protegei-nos!

2-  São Guido, devoto e seguidor do crucifixo;

3-  São Guido, provado pela cruz das doenças;

4-  São Guido, devoto de São Francisco Xavier;

5-  São Guido, Sacerdote e Bispo Missionário;

6-  São Guido, servo fiel e obediente à Divina Providência;

7-  São Guido, arauto do Evangelho nas famílias;

8-  São Guido, testemunha do amor pela Eucaristia, força da missão;

9-  São Guido, animador da devoção ao Santo Rosário;

10-  São Guido, Fundador da União Missionária do Clero;

11-  São Guido, ardoroso promotor da Missão Além-Fronteiras;

12-  São Guido, animador da catequese bíblica;

13-  São Guido, exemplo de bondade, ternura e alegria;

14-  São Guido, lutador contra os males da guerra e do modernismo;

15-  São Guido, profeta da missão no mundo moderno;

16-  São Guido, Fundador dos Missionários Xaverianos;

17-  São Guido, propagador da missão na China e no mundo inteiro;

18-  São Guido, incansável peregrino nas visitas pastorais;

19-  São Guido, inspirador de um novo mundo como grande família;

20-  São Guido, homem de Deus e do amor ao martírio;

21-  São Guido, patrocinador da missão local e mundial.


Dom Orlando Brandes

PRIMEIRA ASSEMBLÉIA DOS LEIGOS (AS) XAVERIANOS (AS) DO BRASIL REALIZADA EM 2010



LEIGOS (AS) XAVERIANOS (AS) EM COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO NA MISSÃO AD GENTES

1. Nos últimos anos, no Brasil, encontramos um número significativo de leigos (as) que tendo conhecido o testemunho e o trabalho dos missionários xaverianos desejam partilhar da espiritualidade missionária ad gentes à luz dos ensinamentos de seu fundador Guido Maria Conforti. São homens, mulheres, jovens, ex - seminaristas, pessoas que foram tocadas pela abertura de espírito, testemunho, coragem, despojamento e profetismo desses missionários. São pessoas que desejam engajar-se de forma mais organizada e sistemática no árduo trabalho missionário, participar de programas de formação, empenhar-se no aprofundamento de uma espiritualidade missionária e, possivelmente, assumir trabalhos apostólicos, a partir mesmo de suas possibilidades e de seu estado de vida, somando forças de diferentes formas e níveis   no sentido de tornar conhecidos os valores  evangélicos da justiça, da amizade, da opção pelos pobres, do amor, da compaixão e da fraternidade. Sobretudo, desejam serem sinais visíveis do compromisso missionário em suas famílias, no mundo do trabalho e da cultura, participando em diversos níveis da espiritualidade e da missão ad gentes.

2. Inspirados pelas palavras da Lumen Gentium segundo a qual “todos os seguidores de Cristo (...) são convidados a buscar a santidade e a perfeita realização do seu próprio estado,” (LG, 40) é que desejamos em profunda sintonia com os missionários xaverianos e sendo orientados por eles e, sobretudo, sentindo com a Igreja, não medirmos esforços para de forma deliberada, organizada e planejada, partilhar de seu carisma missionário, no espírito de verdadeira comunhão e participação.

3. É importante lembrar que desde os primórdios da Igreja, o Espírito Santo fez nascer uma ampla gama de movimentos, grupos e associações de homens e mulheres, cada qual com seu próprio carisma: viúvas, virgens, eremitas, penitentes e monges. Um destaque especial na Idade Média para o surgimento das conhecidas Ordens Terceiras (em conexão com os Franciscanos e Dominicanos) e uma vasta gama de irmandades que tanto protagonismo tiveram nos primórdios do processo de evangelização do Brasil e de toda a America Latina. Mais recentemente, no século XX, assistimos ao surgimento e inúmeros Institutos Seculares, assim como novos movimentos eclesiais (RCC, Neo-Catecumenato, Focolares etc )e Comunidades Cristãs de Base, com forte presença e protagonismo dos leigos (as).

4. Ao refletir sobre o protagonismo  dos leigos (as) o Papa João Paulo II em sua Exortação Vita Consacrata de 1996 menciona com apreço, como os leigos (as) têm reconhecido o valor da vida religiosa e desejado ligar-se a certos institutos religiosos para participar de sua espiritualidade ou de seus apostolados. Para o Papa essas iniciativas devem ser incentivadas e os leigos (as)  formados (as)  e capacitados (as)  de tal modo que estimem sua vocação leiga e ao mesmo tempo se dediquem também á missão de Jesus Cristo. Portanto, acolher esta iniciativa e ajudar os leigos (as) a também ser protagonistas na missão enriquecerá sobremaneira a Congregação dos missionários Xaverianos, tornando mais presente ainda o carisma missionário ad gentes no coração da Igreja do Brasil.

5. Ao examinarmos as formas possíveis de associação de leigos (as) com os Missionários Xaverianos vislumbramos uma grande variedade de categorias, níveis e graus nesta comunhão e participação. Benfeitores, colaboradores das paróquias (catequistas, agentes de pastoral etc), funcionários das casas de formação, paróquias e obras diversas, são categorias bastante familiares, apesar de na maioria das vezes sem ainda a devida consciência da importância da colaboração que prestam ao trabalho missionário da Congregação e, por conseguinte, da Igreja. Assim, pensamos que ao organizarmos nossa colaboração com os Missionários Xaverianos devemos compreender nosso trabalho de comunhão e participação na missão em três níveis ou categorias, a saber: 1. Partilha da espiritualidade Xaveriana ; 2. Partilha da missão num ambiente xaveriano ; 3. Partilha mais intensa e mais plena da Vida Apostólica Xaveriana de oração, comunidade e da missão ad gentes como leigos (as).

6. Em cada uma dessas categorias, encontraremos variados graus de “intensidade” – desde uma vaga conexão, como os que rezam pela Congregação e pelos missionários, até os que formam comunidades cristãs; desde os que trabalham lado a lado com os Xaverianos, até os que vivem em comunidade ou fazem compromisso como Missionários Leigos Xaverianos. Evidente que em todos os níveis a formação apropriada variará de acordo com a categoria de partilha e o seu grau de intensidade. Essa formação deverá, em cada nível, ser flexível e prática (orientada para as reais necessidades dos participantes) ; Holística e totalizante (formação integral que envolva a pessoa toda), profundamente xaveriana (fundamentada na herança espiritual de Guido Maria Conforti) ; Mútua (que envolva compromissos tanto para os leigos como para os Missionários Xaverianos) ; Corresponsável (leigos e religiosos assumem iniciativas e responsabilidades condizentes com o nível de participação e comunhão na missão).

7. Segue modelo/proposta de organização dos leigos (as) xaverianos . Uma proposta para discernimento, debate e reflexão. O objetivo é meramente didático-pastoral. Ou seja ter uma visão de conjunto das possibilidades que se abrem para nossa ação, para em seguida estabelecermos um planejamento estratégico definindo passos a curto, médio e longo prazos, sempre em sintonia com o missionários xaverianos.

7.1 Partilha da oração e da reflexão num ambiente xaveriano.  A primeira forma de associação com os xaverianos deve ser inspirada e apoiada na ativa vida cristã da pessoa por meio da oração e da reflexão num ambiente xaveriano. A ênfase recai na oração e na reflexão e não na missão ativa.


DESCRIÇÃO
FORMAÇÃO
GRUMIX;
GRUPO DE BENFEITORES;
CÍRCULO DE AMIGOS;
Funcionários das obras apostólicas, paróquias, casas de formação.
- Retiros e festas;
- Reuniões periódicas;
-  Reflexões sobre tópicos da espiritualidade e da herança xaveriana;
-   Oração (Terço Missionário, Adoração ao Santíssimo).



7.2 Partilha da Missão em um ambiente xaveriano. A segunda forma de associação com os xaverianos  tem como ênfase o compromisso e um envolvimento de partilha na missão.

DESCRIÇÃO
FORMAÇÃO
- Membros de equipes missionárias paroquiais e diocesanas;
- Membros de equipe de Missão itinerante;
- Membros de equipes de Animação Missionária;
- Agentes de Pastoral;
-  Catequistas;
- Líderes de Comunidades de Base e de movimentos;
-  Profissionais liberais.
-     Teologia Básica;
- Estudos Bíblicos Básicos;
- Missiologia;
-  Liturgia Inculturada;
-   Treinamento para a Missão;
-Comunicação;
- Aconselhamento Pastoral;
- Desenvolvimento humano, pessoal e espiritual;
-   Estudo do Carisma xaveriano, da obra apostólica, das Constituições e publicações;
- A herança espiritual de Guido Conforti e Francisco Xavier.


7.3 Partilha mais profunda da Vida Apostólica Xaveriana de oração, comunidade e missão. Essa terceira forma de associação envolve o compromisso com a missão xaveriana de modo substancial e formal, por um tempo estabelecido, como também se for o caso alguma participação planejada na vida comunitária de oração, estudo com os xaverianos.


DESCRIÇÃO
FORMAÇÃO
- Viver e trabalhar com os xaverianos por certo tempo e para fins determinados;
- Viver e trabalhar com os xaverianos por determinado tempo com possíveis promessas (?).
- Programa abrangente de vários anos, que inclui formação nas dimensões humana, espiritual, comunitária, psicológica, teológica e pastoral;
-Treinamento especializado para serviços específicos e ministérios particulares.

8. Desejamos, portanto, como se depreende, constituir qualitativamente um pujante movimento de leigos  e leigas xaverianos, plural, comunitário, colaborativo e que se articule em rede, de forma dinâmica, colocando em prática os princípios da solidariedade, da subsidiariedade e adaptabilidade.  A rede está lançada. Agora é mãos à obra.

 
Arnaldo Valentim Silva, professor e educador social, Mestre em Filosofia Social pela Puccamp e Assessor do CERNE/CRB. Contato: (arnaldovalentimsilva@gmail.com)

Ser leigo na Igreja hoje

De um modo geral, as pessoas podem entender (ou achar) que todos aqueles que participam de uma maneira ou outra da Igreja ou de alguma comun...