O
Segundo Domingo da Páscoa é o dia da misericórdia. O lema do Papa Francisco é:
“Eleito por misericórdia”. De fato, em II Cor. 4,1, Paulo Apóstolo escreve:
“recebemos o ministério por misericórdia”. É também o que diz Santa Teresinha:
“toda vocação tem sua origem na misericórdia divina”. Tereza de Calcutá é a
santa da misericórdia para com os pobres. A misericórdia salvará o mundo. Ser Igreja misericordiosa é praticar o perdão e
ter compaixão com os pobres.
São
grandes as misérias e feridas humanas, maior, porém é a misericórdia de Deus.
Santo Agostinho não se desesperou graças à fé na misericórdia, ele dizia:
“Minha esperança Senhor é a tua misericórdia”. Dolorosas e profundas são as
fraquezas humanas, mas, o remédio que tudo cura é a misericórdia. A farmácia de
Deus Chama-se “Misericórdia sem limites”.
Os
salmos qualificam a misericórdia de Deus como: imensa, incansável, eterna, sem
limites. “Eu te atrai com minha misericórdia” (Jr. 31,3). O salmo 50 de modo
especial é um canto, um hino, uma sinfonia da misericórdia do Pai. Já o profeta
Oseias escrevia: “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício” (Os 6,6). Este
texto Jesus o repete (Mt 12,7).
Santa Faustina
é a doutora da ciência da misericórdia. Eis algumas reflexões da Santa: a fonte
e o trono da misericórdia é o sacrário que consome nossas misérias. Jesus é o
Deus que esquece nossos pecados. Sua misericórdia é onipotente.
O que
fere o Coração de Jesus diz Santa Faustina, é nossa desconfiança em sua
misericórdia. O que faz pulsar de amor o
Coração de Jesus, é a sua misericórdia. Sim, sua misericórdia divina nos
persegue. Nenhuma miséria esgota a misericórdia do Sagrado Coração, que sem se
cansar se desdobra em carinho e ternura pelo pecador arrependido. A experiência
da misericórdia leva à experiência da alegria e à experiência da fraternidade.
Dom
Geraldo Fernandes, primeiro bispo de Londrina tinha por lema: “a misericórdia
me acompanhará”. Este pode ser um lema para todos nós. Jamais cairemos no
desespero, na auto condenação, no escrúpulo, no pessimismo. Pelo contrário,
seremos misericordiosos com os outros. Misericórdia é amor de mãe, amor
visceral, amor incondicional.
É a
misericórdia que nos cura e liberta da raiva, do julgamento dos outros, do
ódio, mágoa e ressentimento. Lembremos que misericórdia, não é permissividade,
nem cumplicidade, nem licença para pecar. Ao contrário, ela nos impele a sermos
melhores e fieis. Ela nos recria e
cumula-nos de sensibilidade e delicadeza de alma, para não mais ofendermos a
Deus. Justiça e misericórdia se abraçam.
A
misericórdia nos leva ao confessionário e aos pés dos pobres, aos hospitais e
presídios, às periferias e à dor humana. A misericórdia é a salvação para o
crime, a violência, o terrorismo, porque é mais eficaz resposta ao mal. Ela
impede que o mal se torne um circulo e uma espiral de discórdia e de
destruição. Misericórdia é o novo nome da paz, é a garantia dos direitos
humanos, é a segurança da vida humana. Misericórdia é compaixão. Quanto mais
misericórdia, mais paz teremos. O reino da misericórdia vencerá, porque Jesus
suspenso na cruz venceu e derrotou todo mal graças à sua infinita, paciente e
renovada misericórdia. Jesus é o Rei misericordioso. Misericórdia é ser
recriado no amor.
Lembremos
que a misericórdia não anula a justiça. O Papa João Paulo II perdoou ao homem
que tentou matá-lo, mas, o criminoso foi preso. Belo exemplo de misericórdia é
o daquela mãe que visitava semanalmente um prisioneiro. Alguém perguntou:
“senhora, este detento é seu filho?” Ela respondeu: “Não, ele não é meu filho
de sangue, ele é o assassino do meu filho, mas, eu o adotei como filho e por
isso venho sempre visitá-lo”. Eis aonde chega a misericórdia. Os misericordiosos
alcançarão misericórdia.
Dom
Orlando Brandes