domingo, 25 de março de 2018

ASSEMBLEIA ESTADUAL DA IAM


Por Maria Angélica Kroetz Kovalhuk

Em clima de muito entusiasmo, alegria e espiritualidade, aconteceu a Assembleia Estadual da Infância e Adolescência Missionária – IAM, na cidade de Londrina-PR na casa do PIME, entre os dias 02 e 04 de março de 2018 com a assessoria do Pe Marcondes, do Conselho Missionário Diocesano COMIDI Curitiba - PR.
Foto: http://garotadamissionaria.blogspot.com.br

Promovido pelo Conselho Missionário Regional COMIRE o encontro contou com a participação de 13 dioceses com aproximadamente 50 assessores e coordenadores, os padres do PIME: Pe Josef e Pe Gianfranco,e com a presença entusiasta do Pe Paulo de Coppi, fundador do jornal Missão Jovem. 
O tema Protagonismo da criança e do adolescente foi explanado com criatividade e dinamismo. Algumas questões foram levantadas: como agem/atuam os assessores? Como é desenvolvido o protagonismo nas crianças e adolescentes?

O coordenador/a e as crianças são os protagonistas da missão e o assessor é aquele/a que dá suporte, facilita, incentiva, acompanha este movimento. Pe Marcondes alertou os assessores para não travar a criatividade, espontaneidade e potencialidade das crianças e adolescentes dando o exemplo de Samuel: 1 Samuel capítulo 3 Fala Senhor que teu servo escuta e Marcos 6, 30-44 Multiplicação dos pães - ofertados por uma criança. Estes textos nortearam o ver e ouvir para anunciar como Deus sintoniza através das crianças impelindo-as como autores da missão. Através da sua mistagogia a IAM desenvolve nas crianças um encantamento e o ardor que assegura o envolvimento numa verdadeira “ciranda” de amor. Como atitude primeira para a próxima Assembleia serão convocados os coordenadores mirins para somar experiências.
Os coordenadores Márcia e Percio apresentaram os eixos norteadores do plano de ação da IAM do Conselho Missionário Nacional o COMINA. Os eixos norteadores são: a Formação, Comunicação e Missão. Para cada eixo foram estudas ações significativas, importantes e urgentes e formada uma equipe para cada eixo que dará continuidade aos trabalhos.
A Sondagem feita pelo COMINA foi apresentada pelo casal coordenador que resultou nas informações para posteriores avaliações fundamentando renovadas ações.
A análise dos resultados da Sondagem na qual 1.033 grupos responderam ao questionário e destes 21% são da Região Sul e 118 são do Paraná. Nesta pesquisa os itens abordados foram: desafios, sonhos, destaques, atividades desenvolvidas, parcerias entre outros.  Finalizou-se esta análise com a frase de Cora Coralina “Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido senão tocarmos o coração.”Urge dar espaço aos coordenadores mirins nas paróquias e acompanhar os grupos que se iniciam.
Os novos Coordenadores eleitos do Regional são Noeli e Leandro da diocese de União da Vitória. A nova coordenaçãocontará com a cooperação de todos. Desejosos que iniciem suas atividades com muito ardor missionário e animação na formação e criação de novos grupos.
Foto: http://garotadamissionaria.blogspot.com.br
Os missionários agradeceram pela ação inovadora, intensa e corajosa, do casal Percio e Márcia, na divulgação e animação estendendo às dioceses do Paraná.
Os membros avaliaram o evento elogiando a organização do local, acolhida, presença e participação dos padres do PIME, conteúdo, dinâmicas, momentos de oração e celebrações.
A Assembleia é um momento especial para que, assessores e coordenadores estreitem laços de amizade e partilha dos gestos concretos realizados nas dioceses de todo Paraná. Encerrou-se esta com a Celebração do Envio de todos os missionários.
Foto: http://garotadamissionaria.blogspot.com.br


segunda-feira, 12 de março de 2018

A hora dos leigos? Mas de que leigos se está falando?

Por Cesar Kuzma*
"Ser sujeito eclesial, hoje, significa ser autêntico e coerente com a fé que professa (Doc. Aparecida), significa testemunhar com a própria vida em todas as realidades que se vive, buscando o encontro e o diálogo, a abertura e a mansidão, o desprendimento e a misericórdia, a alegria e o amor. Ser sujeito eclesial, hoje, não é ser conflitivo, muito menos combativo, mas é ser testemunha de uma verdade que não está nos manuais de doutrina, mas no encontro vivo com o Ressuscitado. Não é ser divisor, mas promotor de comunhão. Não é ser mestre das verdades, mas alguém atento ao mistério e disposto a sempre aprender. Não é quem acusa, mas é quem se coloca ao lado dos outros, principalmente dos pobres e daqueles que mais sofrem e são perseguidos, até mesmo pela própria fé. "
A hora dos leigos? Sim, foi o que se pensou com o Concílio Vaticano II e, em 2016, o Papa Francisco resgatou esta ideia dos teólogos conciliares e disse praticamente a mesma coisa, em uma carta enviada ao Cardeal Marc Ouellet. Para o Papa, uma hora que está tardando a chegar.


No entanto, diante de algumas manifestações e expressões que estamos vendo atualmente, vale lançar outra pergunta: de que leigos exatamente se fala e se espera nesta hora? Se o futuro da Igreja passa pelo viés dos leigos, como se diz, há nesta afirmação uma intenção eclesiológica, mas é necessário ficar atento para não se desviar da atenção primeira e para fazer clarear a novidade que se percebe e se propõe. Por certo, não estamos à espera de leigos clericalistas, obsessivos e extremamente fundamentalistas, que caem num moralismo radical e inconsequente, e doutrinariamente incitam mais o ódio e a falta de comunhão eclesial, que carecem de um bom senso, desrespeitando expressões, participações e membros da mesma Igreja, recusando a intenção do Concílio que lançou esta espera, ao reafirmar, com toda a Tradição, que a Igreja é Mistério e é Povo de Deus (Lumen Gentium), e que deve estar atenta aos sinais dos tempos (Gaudium et Spes). O Concílio trouxe ao leigo autonomia e corresponsabilidade na missão, podendo este agir e atuar de um modo próprio, contudo no viver de uma koinonia e em busca de uma maturidade que se abre à ação do Espírito e se empenha em seguir os passos de Jesus, agindo no tempo e na história para fazer acontecer de modo antecipado, escatologicamente, a construção do Reino prometido e esperado.
Neste ano em que a Igreja do Brasil vive o Ano do Laicato, faz-se necessário se ater ao que se quis no Documento 105 da CNBB, que traz os leigos como sujeitos da Igreja e do Mundo. E diz isso sem cair numa separação de realidades (Igreja e Mundo), mas fundamentado pelo Vaticano II e demais documentos pós-Conciliares, entendendo o compromisso da Igreja no mundo, não como um confronto, mas como um diálogo, onde ela é mestre e pode ensinar, mas também se insere e se encarna nas realidades, e pode aprender. Isso não é um demérito da sacralidade da Igreja, mas é a percepção da nossa vulnerabilidade na história, nos fazendo lembrar que não se pode absolutizar nenhum modelo, pois somos, como Igreja, sinal e testemunhas de algo maior, que transcende a todos e cada tempo, e que nos aponta para o absoluto da nossa existência e de toda a história, onde o encontro e a experiência de fé se realizam e se consomem em Deus.
Ser sujeito eclesial, hoje, significa ser autêntico e coerente com a fé que professa (Doc. Aparecida), significa testemunhar com a própria vida em todas as realidades que se vive, buscando o encontro e o diálogo, a abertura e a mansidão, o desprendimento e a misericórdia, a alegria e o amor. Ser sujeito eclesial, hoje, não é ser conflitivo, muito menos combativo, mas é ser testemunha de uma verdade que não está nos manuais de doutrina, mas no encontro vivo com o Ressuscitado. Não é ser divisor, mas promotor de comunhão. Não é ser mestre das verdades, mas alguém atento ao mistério e disposto a sempre aprender. Não é quem acusa, mas é quem se coloca ao lado dos outros, principalmente dos pobres e daqueles que mais sofrem e são perseguidos, até mesmo pela própria fé.
A riqueza do Concílio Vaticano II e de toda a teologia do laicato que daí se decorreu é que a Igreja decide por sair das sacristias e das catedrais e parte (sai) para viver no mundo, aceitando a fraqueza da história e os limites da missão, mas entendendo que o Reino cresce pela força da ação do Espírito, jamais pela locução de um ministro ou de quem quer que seja, pois aqui, nesta terra, somos simplesmente peregrinos, servos inúteis que arriscam viver uma experiência nova e libertadora. Entende-se, também, que o Reino não é uma instituição de pedras ou de doutrinas, muito menos um boulevard de vestes e paramentos medievais que dizem muito pouco nos nossos dias, mas sim um espaço vasto de amor, justiça e paz, onde todos podem viver e se manifestar, e a harmonia prevalece, sem lágrimas e sem luto, mas numa vida que se faz nova para toda criatura. Juntamente com o Evangelho, o Concílio proclama a bem-aventurança dos pobres e dispõe uma igreja de serviço, disposta a resgatar a vida concreta e atenta aos dramas humanos. Isso não é socialismo ou comunismo, isso não é ideologia, mas é a utopia que se deve buscar a partir da experiência que fazemos na fé, alimentada na esperança e fortalecida no amor.
Esta intenção do Concílio foi recepcionada na América Latina e aqui se atualizou em uma nova linguagem, adaptada à realidade e garantindo a essência. Pensou-se uma Igreja protagonista, profética e sensível ao Continente, marcado por uma colonização massacrante, dominação estrangeira, ditaduras militares e exploração humana. Nesta Igreja os leigos foram chamados ao protagonismo e receberam de seus pastores o apoio para empreender um jeito novo, um novo canto, por vezes oprimido e por vezes festeiro, mas rico na fé que existe e insiste em se manter acesa, mesmo diante de tamanha pobreza e opressão. Este é um lado da Igreja da América Latina e é um lado da visão do laicato que se tem, sem qualquer pretensão de ser um único modelo. A Igreja torna-se una na diversidade e a variedade de rostos e carismas torna a sua identidade ainda mais bela.
Por esta razão, digo que fico ofendido e chateado com algumas manifestações grosseiras e descomprometidas com uma causa verdadeira. Onde há divisão não pode haver o Espírito. Onde há certezas não há espaço para a fé. Onde há ódio, não se pode viver o amor. Acho uma pena que em pleno Ano do Laicato tenhamos que presenciar tais atitudes e comportamentos, alimentados por uma estrutura clericalista farisaica que olha mais a lei que a pessoa. Que falta faz o frescor do Evangelho, que tem um fardo leve e um jugo suave! É impossível sustentar a fé só de doutrina e não se vive um novo ethos cristão em cima de um moralismo desatento ao íntimo humano e ao olhar social, naquilo que gritam homens e mulheres e naquilo que grita a terra. Deste modo, faz-se necessário voltar-se a Jesus, ao homem do Evangelho, ao filho de Maria e José, ao carpinteiro da vila, ao amigo de Pedro e Tiago, aquele que nos olha nos olhos e nos chama pelo nome, e cuja ação nos desconcerta e nos destrói na razão. Olhar fixamente a Jesus nos fará perceber que ele foi sujeito em seu tempo, estando mais atento às pessoas que a Lei, amando a Deus e fazendo reconhecer este amor no dom de si mesmo ao outro, de quem se fez próximo.
É a hora dos leigos? Sim, é a hora! É a hora de um povo que fala, que reza, que luta, trabalha e professa. É o povo de Deus, transformando esta terra!
Que o olhar atento a Jesus de Nazaré nos mostre o caminho e que a comunhão nos fortaleça, sempre!
*Cesar Kuzman é Teólogo leigo, casado e pai de dois filhos, doutor em Teologia pela PUC-Rio, onde atua como professor-pesquisador do Departamento de Teologia, atual presidente da SOTER (2016-2019) e autor de livros e artigos sobre a teologia do laicato, como Leigos e Leigas, Ed. Paulus, 2009.

Ser leigo na Igreja hoje

De um modo geral, as pessoas podem entender (ou achar) que todos aqueles que participam de uma maneira ou outra da Igreja ou de alguma comun...