sexta-feira, 8 de junho de 2012

MISSÃO XAVERIANA NA INDONÉSIA


REPÚBLICA DA INDONÉSIA

Capital: Jacarta
Superfície: 1.948.732 km2
População: 214,8 milhões de habitantes
Línguas: indonésio, línguas regionais
Expect. de vida: 67 anos
Renda per capita: 600 dólares por ano
Religiões: islamismo 54,7%; novas religiões 21,8%; cristianismo 13,1%; hinduismo 3,4%; outras 4,8%; sem religião 2,1%




Expulsos da China em 1951, os Xaverianos voltaram-se para o arquipélago das quatorze mil ilhas indonésias. Detiveram-se em Sumatra, uma das ilhas maiores. A paisagem era característica de clima equatorial, com montanhas, colinas e grandes arrozais cultivados como jardins, florestas milenárias e pântanos infestados de mosquitos, ou ilhas perdidas no mar, como as ilhas Mentawai.



A área confiada aos xaverianos, a Sumatra Central, tinha uma extensão de 133 mil quilômetros quadrados, com três milhões e meio de habitantes. Apenas dois mil eram cristãos: uma missão que começava praticamente do nada. Do ponto de vista religioso, a Indonésia era um feudo do Islã, ao qual pertencia numa proporção de 95% da população.

O empreendimento que exigiu maior empenho dos Xaverianos foi, provavelmente, a penetração nas Mentawai, uma fileira de ilhas a 100 quilômetros da costa ocidental de Sumatra, onde nenhum missionário havia posto os pés até então. Os Xaverianos encontraram cerca de 30 mil aborígenes. Hoje, naquelas ilhas florescem numerosas comunidades cristãs.



Nestes anos, a Indonésia está restituindo aos Xaverianos o que deles recebeu. São numerosos os jovens que, fascinados pela figura de Xavier, evangelizador das Molucas no século XVI, se alistaram nas fileiras dos Xaverianos.

Relato de Missão por Pe.  Piero Gheddo, Missionário do Pime

A Indonésia é um país fascinante, uma Ásia diferente de todas as outras, um mundo à parte. Lá, percebe-se a influência da Índia, da Malásia, da China, da Oceania e da modernização trazida pelo Ocidente cristãos. O povo é constituído por uma mistura tal de raças, línguas (250), religiões, culturas, costumes, que qualquer coisa que se diga da Indonésia se pode citar também o exato oposto. Por exemplo, diz-se que 89% do povo indonésio é constituído de muçulmanos, mas depois se descobre que os muçulmanos não são mais de 55%; muitos se declaram muçulmanos somente porque, uma vez atingida a maioridade de idade, em todos os documentos oficiais devem declarar a sua pertença a uma das cinco religiões reconhecidas pelo estado: islã, hinduísmo, budismo, protestantismo e catolicismo. Assim, os animistas tradicionais, para o estado, são muçulmanos. Em Java existe um grande movimento popular que pede ao governo reconhecer também as religiões originais da ilha mais habitada, o animismo que tem os seus próprios ritos e seus lugares de culto.

A quantidade de católicos existente na Indonésia está entre 6 e 10 milhões, com os protestantes, chega-se a 20 milhões o número de cristãos, sobre uma população de 240 milhões (dos quais 100 milhões concentram-se na Ilha de Java). A incerteza dos números é fácil de entender: os cristãos são acusados de "proselitismo", palavra mágica usada em qualquer circunstância.


  Também o socorro aos pobres ou em casos de emergência, são tentativas de "convergir" o povo islâmico. As vezes, são incendiadas as casas e capelas dos cristãos, vidros quebrados por pedras, etc. A Indonésia é vastíssima e tudo muda de uma ilha para outra. por exemplo, a ilha de Bali é inteiramente hindu, Flores, inteiramente católica. Visitei sobretudo a grande Sumatra, onde os missionários 


 Xaverianos trabalham desde 1951, admiráveis em seus esforços em meio a uma situação nada fácil: homens fortes, convictos, cordiais, realizadores, há quinze anos também ricos de vocações locais. Em Sumatra resulta claro que um dos principais problemas da Indonésia e o Islã, um Islã importado com os mercados árabes, que não penetrou em profundidade na cultura e


mentalidade local: de fato, o povo é tolerante, mas no último meio século aparece sempre mais extremista, intolerante. Dizem que o governo proibiu o ingresso aos estrangeiros que se estabilizam na Indonésia, principalmente para evitar a chegada de pregadores árabes, financiados pelos países do petróleo, portadores de um forte extremismo anti-ocidental, antiamericano, anti-cristãos.


Relato de Missão por Pe. Edenilson Turozi, foi Missionário Xaveriano na Indonésia

Logo nos primeiros meses da minha chegada à Indonésia, país do sudeste da Ásia, estive visitando o povo sulawesi, nas ilhas Mentawai. Ainda estava atordoado pelo novo ritmo de vida, pelo que os especialistas no assunto costumam chamar de inculturação. Uma semana de muita aprendizagem, de descobertas cotidianas e valiosas. Nesse período também pude ver e ouvir de perto o trabalho de muitos missionários que procuram ajudar, de alguma forma, os povos da floresta, sobretudo os indígenas.


As ilhas Mentawai localizam-se em Sumatra. Os xaverianos desenvolvem um trabalho missionário há mais de quarenta anos nesse arquipélago. Foi nas ilhas Mentawai, aliás, que a congregação investiu grande parte de seu contingente missionário.

A ilha que visitei foi a de Sikabaluan. Apesar de estar geograficamente perto de Sumatra, o barco levou dez horas para chegar lá. Logo que atracamos, eu e alguns companheiros fomos recebidos com cantos e uma hospitalidade de primeira. Pude ver uma ilha muito bonita e propícia para uma belíssima pesca debaixo d'água. Nas demais ilhas o surfe é o esporte mais praticado.


Numa das celebrações, fiquei encantado com um coral de jovens. Um detalhe: durante as orações eles usavam flores presas ao cabelo. Informaram-me que esse costume era típico da cultura local. Lembro-me também que o nome de um dos jovens que dirigia o coral era Samseri, cuja tradução aproximada seria: "o brilho da lua", porque ele nasceu numa noite enluarada.

Constatei que as atividades dos missionários demonstravam respeito pelos costumes culturais e um esforço para se adaptar às condições de vida do povo. Creio que os missionários tiveram uma postura um tanto diferente da política vigente do ex-ditador indonésio Suharto, que preferia impor um projeto de desenvolvimento a esses povos a procurar entender e respeitar sua cultura.


Pelo visto, os missionários que atuam em Sikabaluan aprenderam a língua local muito bem. Também tive a sorte de participar da ordenação do primeiro sacerdote diocesano do lugar.

Outra coisa inesquecível foi ter comido o sago (um tipo de farofa feita de frutos de uma 
árvore típica da região) e ter bebido água das chuvas que estavam represadas em reservatórios. Não dispondo de água encanada, bebe-se água das chuvas mesmo. O sago é um dos principais alimentos para os habitantes das ilhas Mentawai e os animais. Sago é a árvore da vida.


Um grupo de leigos aventurou-se a seguir o padre Pio Framarin no meio da floresta ao encontro de algumas comunidades. Num mundo em que, graças a Deus, existe a vontade de respeitar as diferenças, o indígena é visto como o outro que desvela sua face diante de nós. É um outro diferente de nós, mas que exige reconhecimento e respeito. A sua própria existência evoca em todos nós a responsabilidade para com a sua continuidade e a preservação de sua cultura.

Como diz o Evangelho, não se trata somente de procurar o que é melhor para mim mesmo, mas também o que é melhor para os outros. O melhor para todos é que a vida humana seja respeitada onde quer que seja.


terça-feira, 5 de junho de 2012

MISSÃO EM MOÇAMBIQUE: ÁFRICA



Capital: Maputo
Superfície: 799.380 km2 (do tam. do Goiás e Tocantins)
População: 18,6 milhões de habitantes
Línguas: português, línguas regionais
Expectativa de vida: 38 anos
Adultos alfabetizados: 43,8%
Renda per capita: 220 dólares por ano
Religiões: regliões tradicionais 50,4%; cristianismo 38,4%; islamismo 10,5%; outras 0,7%





MISSÃO COM PAIXÃO

Por Pe. João Bortoloci

IMPELIDOS PELO AMOR DE CRISTO

O amor de Cristo nos impeliu a uma realidade nova, uma nova missão: Moçambique. Os missionários xaverianos sonharam; a Igreja em Moçambique desafiou e Deus fez acontecer. Desde o dia 2 de março de 1998, nós, missionários xaverianos, estamos pisando neste chão bendito onde São Francisco Xavier também pisou. Chão de dores e gritos de escravidão (1594-1975); chão de mortes, sangue derramado e dispersão do povo pela guerra civil (1975-1992); chão de sofrimentos pela fome, pobreza, doenças, analfabetismo e pela falta de infra-estruturas básicas de vida; chão marcado pelos destroços da guerra, pelas minas-bombas e pela destruição dos valores humanos e falta de perspectivas de futuro. Porém, é também um chão onde foi lançada a semente da paz e um chão aberto para se lançar a semente do Evangelho, do amor e da justiça. É hora de reconstruir; é hora de sonhar e semear esperança.

IR PARA O OUTRO LADO DO MAR

No outro lado do mar, antes de iniciar a missão, é preciso sentar-se um pouco para conhecer a realidade local, a cultura do povo, línguas, costumes, a caminhada feita pela Igreja etc. Enfim, ter uma base para iniciar o trabalho. Comparo este tempo com a história da águia: ela é a ave que mais vive, podendo chegar aos 70 anos. Porém, para que isto aconteça, quando chega mais ou menos aos 30, ela se retira para a montanha e passa aí um tempo de, mais ou menos, 150 dias. Durante esse período, ela faz três coisas importantes: primeiro, arranca seu velho bico, esfregando-o nas pedras para que nasça um novo. Depois, já com o bico novo, arranca as velhas unhas e também as penas, para que nasçam novas.

 Pe. João Bortoloci em comunidade africana

Durante o tempo do seu processo de renascimento as outras águias trazem-lhe alimento. Assim deve acontecer com os missionários diante da nova missão. Precisamos nos libertar de nossa “linguagem”, de raízes culturais, costumes e de tantas outras coisas de nossa realidade, que impedem nosso renascimento e abertura para o novo que vem do outro. Como a águia, que se transforma para ter mais vida, é alimentada por outras águias, assim o missionário precisa, sobretudo, comer e beber da cultura, da vida do povo onde vai servir. Isto se chama de processo de inculturação. Processo lento, mas fundamental, para o trabalho de evangelização.

“VÃO E ANUNCIEM”

Iniciamos a nossa missão em Moçambique com 4 missionários xaverianos sendo eu um deles. Atualmente são 9 missionários xaverianos atuando em quatro comunidades: Dondo, Chemba, Sena e Charre num vasto território na arquidiocese da  Beira e Tete, onde mais ou menos 10% da população são católicos. Muitas são as necessidades, sobretudo nos campos da educação, da saúde, da reconstrução das estruturas básicas, nas quais colaboramos. Nosso trabalho específico, porém, é a Evangelização.

Algumas  prioridades fundamentais:

  Pe. João Bortoloci em comunidade africana

1 – Primeiro anúncio: Gastamos nossa vida em uma localidade onde poucos, ou quase ninguém, investem. É uma realidade de não-cristãos e de pobreza. Moçambique encontra-se entre os oito países mais pobres do mundo. Somos felizes por estar no meio desta gente e, sobretudo, ao ver que nosso trabalho evangelizador não é em vão: milhares de pessoas, entre adolescentes, jovens e adultos, entraram e continuam entrando no catecumenato, em preparação ao batismo. A catequese é um processo de aprendizagem e de vivência que dura 4 anos.

2 – As novas comunidades: Depois de um acompanhamento no catecumenato, procuramos animar as comunidades já existentes, da mesma forma como somos animados pela fé, acolhida, alegria e pelo compromisso missionário. Muitas são também as comunidades nascentes, algumas até sem a presença de nenhum cristão. Ainda não chegamos em muitas localidades, devido à distância e falta de estradas. Porém, nada é empecilho. Nas comunidades, há o ministério missionário Nyakokota (pescador), com o objetivo de não deixar ninguém sem ouvir a Palavra de Deus. Há também a experiência das comunidades missionárias, que fundam ou acompanham comunidades nascentes. Gostaríamos de frisar que a resistência na fé, vivida e celebrada em meio a tantos sofrimentos, por tantos cristãos moçambicanos, nos tempos de guerra, hoje é semente de novos cristãos e novas comunidades cristãs.

3 – Lideranças: Em Moçambique, a Igreja está estruturada em paróquias ou “Missões”, descentralizadas em comunidades e, em alguns lugares, em núcleos. Os ministérios leigos são uma benção de Deus para as comunidades. O grande desafio é a formação de tantas lideranças. Só no campo da catequese é preciso  “fazer das tripas o coração” para colaborar na formação dos catequistas e dar certo acompanhamento aos catecúmenos. Na missão onde eu trabalhei por 10 anos , quando saí havia mais de 200 catequistas e milhares de catecúmenos. Reunir todos os envolvidos nos vários ministérios era quase impossível. São programados muitos encontros de formação como exigência fundamental para a vida das comunidades.

A IGREJA LOCAL

É uma Igreja pobre, dependente economicamente do exterior e em reconstrução de suas estruturas básicas, pois boa parte delas ainda está nacionalizada. Esteve sempre ao lado do povo, sobretudo nos momentos difíceis da guerra, em que teve significativo papel para a mediação da paz.
É uma Igreja pobre em poder, porém se impõe com voz profética em defesa dos direitos humanos e na conscientização do povo. Apesar da sua pobreza, assumiu gestos bonitos de solidariedade, especialmente durante as catástrofes. É uma Igreja que aposta na educação e que vive um momento florescente de despertar vocacional. Como xaverianos, colaboramos diretamente na formação do clero local.
Vocações xaverianas poderão ser pensadas no futuro. É uma Igreja com mais de 30 etnias,cada uma com a sua língua,  e com a presença de muitas religiões. Só na paróquia Santa Ana na cidade de Dondo onde trabalhei havia a presença de  122 religiões. Enfim, é uma Igreja que começa a se abrir para a dimensão missionária. O Sínodo Africano afirmou: “A Igreja da África não é chamada a testemunhar Jesus Cristo somente no continente africano: a ela também é dirigida a palavra de Cristo Ressuscitado: ‘Sereis minhas testemunhas até os confins da terra’” (At. 1,8 v. 125).

É PRECISO RENASCER

Depois de 10 anos em Moçambique, “RENASCER” se apresenta para mim como um grande desafio.

Por isso, é preciso entrar:

 Pe. João Bortoloci em Igreja africana

– no Ventre da Solidariedade, pois a missão precisa de missionários capazes de compaixão pelo outro, pelos empobrecidos, sendo sinal de esperança e de vida;

– no Ventre da Espiritualidade, pois a missão precisa de missionários comunicadores de Deus, capazes de contemplar o rosto de Cristo no rosto sofrido do povo, testemunhando a presença de um Deus que ama; 

– no Ventre do Diálogo, pois a missão precisa de missionários capazes de viver a comunhão na diversidade de povos, raças, culturas e religiões, testemunhando fraternidade e paz;

– no Ventre da Ousadia, pois a missão precisa de missionários profetas, resistentes, capazes de sonhar que um mundo novo é possível, a partir da própria realidade onde se vive. Que naquele poço há “água viva”;

– no Ventre da Paixão, pois a missão precisa de missionários apaixonados pela causa da Evangelização, capazes de doarem a própria vida, para que todos os povos possam conhecer e viver com prazer o projeto do Reino de Deus.


Vídeo 1 - Relato em Comunidade de Moçambique


Vídeo 2 - Relato em Comunidade de Moçambique



Galeria - Fotos de Moçambique



sexta-feira, 1 de junho de 2012

MATERIAL PARA FORMAÇÃO - São Guido Conforti e o carisma Xaveriano

ARQUIVOS PARA BAIXAR

APRESENTAÇÃO DE POWER-POINT - PPT

MONSENHOR CONFORTI E O CARISMA XAVERIANO


Primeira característica do carisma e da espiritualidade xaveriana: Cristocentrismo
Algumas perguntas para reflexão:
- Eu já fiz uma experiência de encontro pessoal com o amor de Cristo? O que mudou na minha vida?
- Como este encontro alimentou ou alimenta o meu desejo pela missão?
- Como cultivo a minha relação com Deus a fim de fortalecer a minha missão?
- Ver Deus em todos e em tudo: o que significa no meu dia a dia?

As características desta missão
Missão ad gentes: aos não cristãos
Quem são os não cristãos hoje em nossa realidade?
Quem precisa mais da minha presença?
O que significa denunciar o que se opõe à realização do Reino?
Consigo reconhecer os sinais que já revelam a presença do Reino?
O meu anuncio com a Palavra e com a vida....

Missão ad extra: fora
Como e quanto me interpela essa dimensão da missão além fronteiras?
Como vivo já ou poderia viver melhor a dimensão ad extra (saída de mim mesmo) agora?

Missão ad intra
Como são as nossas comunidades enquanto a abertura missionária?
O que eu posso fazer? O que nós podemos fazer?

Escolha preferencial para os últimos
Quem são os pobres, os últimos, os excluídos hoje?
Quem são os pobres que encontro no meu dia a dia?
Como podemos renovar a nossa escolha preferencial para os últimos?

Por Alessandro e Alessandra - Leigos Xaverianos da Itália em Missão no Brasil

Ser leigo na Igreja hoje

De um modo geral, as pessoas podem entender (ou achar) que todos aqueles que participam de uma maneira ou outra da Igreja ou de alguma comun...