"Este universo, tão variado, tão belo, tão maravilhoso[1]."
"Tudo que é verdadeiro tem um raio da verdade que é Deus,
Deus veritas est[2].»
Neste capítulo tendo como tema a
Criação, mons. Conforti revela toda sua alma franciscana
[3], ou, melhor, ele deixa entender como ficaram gravados em sua memória os horizontes abertos e agrestes percebidos durante a infância. Ou, mais simplesmente ainda, a criatura era, para Guido Maria, parte do todo, através do qual ele contemplava seu Senhor: "ver a Deus, amar a Deus e procurar a Deus em tudo". Nas expressões aqui selecionadas, Conforti manifesta-se poeta contemplativo e místico, que encontra, na beleza da natureza, um dos componentes da santidade, uma escola que conduz ao Pai. Os assuntos tratados neste capítulo são: a criação é o livro que fala de Deus; ela revela, em particular, a harmonia e a poesia do Criador; faz descobrir a ação e as perfeições divinas, até o mistério da Ressurreição; o universo foi criado para a felicidade do homem; por causa da desobediência humana, a criatura pode arruinar essa harmonia do caminho para o céu
[4].
Criação: livro que fala de Deus
1 Os teólogos, ao pesquisarem a razão pela qual Deus criou o mundo, ensinam que ele nos criou movido por sua bondade, sendo o bem difusivo por si e, ao mesmo tempo, que Deus fez cada coisa para si, para sua maior glória. Sim, ó irmãos, nós fomos criados no êxtase e na felicidade do amor de Deus. Ele, no oceano de sua exultação e de seu amor, viu que sua glória pedia para ser conhecida, e contemplou também a nós, que ficaríamos tão felizes em poder conhecê-la. Esses dois motivos - a glória e a bondade, unidos em um, determinaram a decisão de Deus pela obra da Criação. O mundo, o universo é um grande livro, fiel expressão do pensamento de Deus. Ele abriu ao nosso olhar esse grande livro, para se fazer conhecer e consequentemente, ser amado e servido. Sendo a expressão do pensamento de Deus, revela um poder infinito, uma sabedoria infinita, um amor infinito. O mundo visível é a casca transparente de um mundo invisível. Feliz quem sabe ler o sublime volume
[5]! Uma melodia incessante chega a seu ouvido, alcança-lhe o coração. Para ele o mundo torna-se um templo
[6]. Em tudo, em qualquer lugar, Deus mostra-se a ele; a cada instante sente-se atingido por esta presença, às vezes majestosa, outras vezes paterna, às vezes santa, ou terrível ou mesmo consoladora. Para ele, Deus está perto, está longe, está em cima, está no interior, está em qualquer lugar; observa uma flor, uma estrela: lá está Ele; está no fogo, na água, no sopro da tempestade, na luz e na noite, no átomo e no sol. Está ao nosso redor, com seu calor que nos anima, está dentro de nós, no ar que nos faz viver. Ele escuta tudo, tanto os cantos sublimes dos serafins, como os alegres gorjeios da cotovia, o zumbido da abelha, o rugido do leão, o sussurro do riacho, o bramido do mar e o farfalhar da folha. Ele vê todo o sol que ilumina o universo, o inseto escondido na grama ou entre os ramos das árvores, o peixe perdido nos abismos do oceano; vê o movimento de seus músculos, a circulação de seu sangue, assim como vê o pensamento de nosso espírito, ouve as batidas de nosso coração. Sabe das necessidades do passarinho, que abre o bico esperando o alimento, e conhece nossos desejos, nossas necessidades; nutre, esquenta, veste e protege tudo que respira. Ele é nosso Pai; poderia um dia nos esquecer?
Feliz aquele que sabe ler o grande livro do universo! Ele será justo e bom. Dominado pelo pensamento da onipotência de Deus, terá puro o coração, generosa a mão. Sua vida será santa, possuirá paz inalterável, seu rosto será sereno, bela a sua morte, gloriosa sua eternidade. Feliz quem sabe ler o grande livro do universo!
(1918, 8 de dezembro, Parma – Catedral, Homilia “Creatorem cœli et terræ”; FCT 17, 169-170)
2 "Todos os seres, em uníssono, nos convidam a prestar honra e glória ao nome daquele Deus, do qual todos procedem e a quem todos, tendo cumprido fielmente sua jornada, alegremente retornam, em um movimento harmonioso e solene. Todas as coisas são como um espelho no qual se refletem, de certo modo, a infinita beleza e bondade do Senhor, cada uma tendo uma linguagem que ressoa, com admirável variedade e concordância, no curso do universo.
Narram a glória de Deus os céus – Cœli enarrant gloriam Dei[7], e as flores dos campos e dos vales respondem às melodias do firmamento. O sol e a lua, as montanhas e os mares soltam seu majestoso cântico, e o ar, a luz, as florestas e os prados verdejantes falam de Deus, do Deus que tudo move, cuja glória penetra todas as coisas e em todas resplandece, a Ele respondendo a criação, em um arrebatamento de felicidade
divina, obediente como a harpa do artista.
Oh,
quão verdadeiramente admirável é o nome de Deus sobre a terra – quam admirabile est nomen tuum in universa terra![8]. Sim, de cada ser, das estrelas que brilham para alegrar a noite, da luz que, rápida, chove para despertar, em todos os lugares, milhares e milhares de variegadas cores, do ar que respiramos, da terra que nos produz os frutos necessários para o sustento, da água que mata a sede, das próprias pedras que, unidas e compactas, preparam-nos um lugar para habitarmos e repousarmos, de tudo, irrompe a enfática exortação:
sit nomen Domini benedictum – seja bendito o nome do Senhor![9].
E o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, o homem, a única criatura visível com o poder de entender a arcana linguagem das coisas - criadas para ele e todas resumidas nele -, de que modo responde ao contínuo e forte convite de tudo o que está acima dele, ao seu redor e dentro dele? Se, dos três reinos da natureza, mineral, vegetal e animal, sai perenemente o louvor do mundo – bendito seja Deus! –, o homem, soberano dos três reinos, solta a voz de acordo com sua própria origem e grandeza? A resposta, irmãos e filhos caríssimos, é muito óbvia, mas ao mesmo tempo, quão entristecedora! Neste ponto, toda a poesia da criação parece subitamente cessar, e a alegria do universo parece se cobrir tristemente com um véu, como no dia em que se consumou a morte do Filho de Deus."
(1916, 8 de dezembro, Parma - Homilia “Blasfêmia e turpilóquio”; FCT 24, 95-96
3 "E aonde vai Bento? Vedes, lá perto de Subiaco, aquela gruta cavado na pedra viva, acima de uma pequena torrente que corre no fundo do grande vale, todo rodeado de despenhadeiros íngremes que o tornam quase inacessível? Ele se retira para longe do tumulto do mundo naquela horrenda toca, mais apropriada às feras que aos homens, para ficar em íntima comunicação com seu Deus. Dois livros estão abertos perante seus olhos: o grande livro da natureza, que lhe fala continuamente da sabedoria, do poder e da bondade do Criador, convidando a louvá-lo; e o grande livro do Evangelho, sobre cujas páginas, divinamente simples e sublimes, ele vai moldando o espírito segundo os exemplos do tipo e modelo divino dos predestinados: Jesus Cristo."
(1912, 21 de março, Parma – Mosteiro S. João, Homilia “São Bento de Nórcia”; FCT 19, 111)
A criação revela a harmonia e poesia do Criador
4 "A criação é como que um magnífico concerto, no qual todas as vozes estão em perfeita harmonia; os seres criados entendem-se reciprocamente, dão testemunho uns aos outros, e se comunicam de um extremo ao outro do universo. Nada há de isolado no mundo, desde a grama que pisais e o sol que derrama torrentes de sua luz e calor, desde o inseto que se esconde entre os ramos até o maior dos astros, que dá voltas na infinidade do espaço, existe uma ligação misteriosa, apesar de não conhecida. Ora, esta lei de união que governa o mundo físico, governa também o mundo das almas cristãs, santificadas por Jesus Cristo e viventes de sua vida. Entre os astros domina a lei da atração, e o sol é o seu centro. Existe também a força de atração das almas, tendo Jesus Cristo como sua fonte calorosa, o qual transmite a todas a luz, o calor, a vida."
(1920, 8 de dezembro, Parma – Catedral, Homilia “Credo sanctorum communionem”; FCT 17, 344-345)
5 "Assim falavam os santos, para quem o universo era um livro aberto que continuamente lhes falava das maravilhas do Criador.
Eles bem ouviam toda a sublime poesia da criação, que os elevava da terra para o céu. Ouviam-na, como a ouvia Jesus de Nazaré que, da humilde gruta de Belém, das beiras dos lagos, das colinas da Galiléia sombreadas de sicômoros e de terebintos, do alto de sua cruz sobre o Gólgota, fazia ressoar o grito: “Glória a Deus, ao Pai celeste que veste os lírios do campo e nutre os pássaros do céu, e muito mais cuida do homem, obra-prima da admirável criação”. Os santos ouviam essa sublime poesia, como a ouviu o pobrezinho de Assis, o grande santo, todo seráfico em ardor, que via Deus em tudo e por isso teve um sentimento de ternura para com tudo; tanto para as almas quanto para as coisas, porque das coisas e das almas subia a Deus, que as havia criado. Nessas, como naquelas, via a imagem de Deus, o reflexo da beleza e da bondade suprema; em tudo via as pegadas da divina paternidade. Por isso, sentia-se unido a tudo por um vínculo de amor fraterno, desde o irmão sol até a irmã morte, desde os irmãos pássaros do céu até o irmão lobo.
Ele amava tudo na natureza, e tudo lhe respondia com um sorriso, com um hino de amor. Soltava seu entusiasmo naquele Canto das Criaturas, gentil primícia da poesia do idioma italiano, que sempre provocou a admiração de quantos sabem apreciar também a ingênua beleza das flores campestres: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas: teu é o louvor, a glória e a honra
et omni benedictione” Nós também, irmãos e filhos caríssimos, na condição de seres razoáveis e muito mais como cristãos, devemos ver a Deus em tudo, e todas as coisas segundo Deus e por Deus, porque este é o primeiro dever de nossa inteligência. É preciso em todas as circunstâncias termos presente em nosso espírito a visão de Deus, que conduzirá nossos passos na retidão e estaremos, pois, na verdade, representada pelo cumprimento das obrigações e da vida de nossa inteligência, feita para a verdade. De fato, Deus é a verdade substancial, e são as suas idéias que formam a verdade das coisas, que não são verdadeiras senão quando configuradas às idéias divinas. Possuir a verdade equivale a conhecer Deus e suas idéias; ver Deus em si próprio e nas coisas.
Enxergá-lo dentro de si mesmo, no clarão nebuloso da fé. Vê-lo nas coisas que nos falam dele, porque o lado totalmente verdadeiro das criaturas é precisamente aquele que glorifica a Deus, sendo este o destino essencial das criaturas e a razão fundamental de sua existência, a grande e plena verdade das coisas e sua atitude de revelar as grandezas de Deus. Quando olhamos a partir desta perspectiva possuímos a verdade, que é a lei e vida de nosso espírito. E se tivermos a verdade no espírito, teremos também a caridade no coração, cumprindo o primeiro e máximo preceito da caridade, expresso em termos intraduzíveis pelo Apóstolo dos Gentios, naquelas palavras que dirigiu aos Efésios:
Veritatem facientes in charitate[10] ." (1918, 15 de agosto, Parma – Catedral, Homilia “Credo in unum Deum”; FCT 17, 145-146)
6 "Ó Pai celeste, seja mil vezes bendita a onipotente bondade com a qual derramastes, em cada lugar, o bem, a beleza, o ser, a vida! Estrelas da tarde e da manhã, montanhas, florestas, vales fecundos, mares imensos, rios, riachos e orvalhos, monstros do abismo, ágeis habitantes do ar, hóspedes selvagens do deserto, rebanhos tímidos e dóceis de nossas planícies, pela boca do homem, filho de Deus, repitam, cantem:
Pater noster – Pai nosso![11].'" (1917, 14 de janeiro, Parma – Catedral, Homilia “Pater noster”; FCT 17, 8)
A criação leva a descobrir a ação e as perfeições divinas
7 "A Sagrada Escritura está repleta de seus louvores e deste divino atributo (Pai), que é o único lembrado no símbolo apostólico por ser, de certa maneira, o mais palpável, aquele que melhor que qualquer outro podemos constatar. Poderíamos dizer que eles penetram nossa alma por meio de cada um dos sentidos e se impõem, pelo admirável fato de surgir, antes de todos, o fato da existência deste incrível universo o qual, com justiça, nos deixa pasmados, arrancando-nos expressões de admiração. Ele nos convence de nossa fraqueza, colocando-nos em nosso lugar e servindo como ponto de partida para redescobrirmos, uma após outra, todas as perfeições divinas."
( 1918, 1º de novembro, Parma – Catedral, Homilia “Patrem Omnipotentem”; FCT 17, 155)
8 "Faltando os livros, todas as criaturas podem nos instruir: não há erva do campo, não há flor que não nos diga: vós ressuscitareis. Vós ressuscitareis: eis o que a Igreja proclama também, por meio da voz eloqüente de suas cerimônias."
(1921, 27 de março, Parma – Catedral, Homilia “Credo vitam æternam”; FCT 17, 391)
O universo, criado para o gozo do homem
9 "Plasmemos seus corações segundo nobres ideais e elevemo-los ao céu, a Deus. Não devemos impedir a pessoa alguma o honesto gozo dos bens temporais; aliás, devemos trabalhar para que também os deserdados alcancem sorte melhor. Entretanto, é nosso dever mais importante fazer com que todos passem por entre os bens terrenos sem perder os da eternidade; que ninguém perca a Deus por causa das criaturas, e que ninguém encontre a perdição da alma por causa do bem-estar do corpo, ou, em função da vida presente, esqueça-se da futura."
(1921, 1º de janeiro, Parma – Catedral, Homilia “Credo carnis resurrectionem”; FCT 17, 376)
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Foto do nascer do sol no Rio Solimões - julho/2019 |
10 "Nunca nos esqueçamos de que somos imortais, não pertencemos ao tempo, mas à eternidade. Portanto, não devemos trabalhar para o tempo, e sim para a eternidade; a ela devemos, pois, fazer servir todas as criaturas que nos rodeiam, para nosso benefício direto. Elas não são mais que outros tantos meios dados a nós por Deus para alcançarmos nossos supremos destinos; não são que outros tantos degraus da escada pela qual devemos subir à eternidade, e tudo o que nos separa disso é vão e prejudicial. Não pertencemos ao tempo e sim à eternidade, portanto, nada deve nos perturbar.
Deus vê no mundo tantas desordens e as tolera; ouve as blasfêmias dos ímpios e se cala; permite que sua Igreja seja perseguida, humilhada, e que seus inimigos triunfem e se sentem nos primeiros lugares no governo dos estados. Ele é paciente no tempo, porque tem consigo a eternidade."
(1921, 14 de janeiro, Parma – Catedral, Homilia “Credo vitam æternam”; FCT 17, 389)
O homem pode arruinar a beleza e a harmonia da criação
11 "E somos nós, homens, exatamente aqueles que, movidos pelo espírito de rebeldia, não obedecem à divina Vontade; exatamente nós, que alteramos a harmonia maravilhosa do universo e maculamos a beleza do mundo. O homem não quer obedecer porque, quando apaga em si mesmo o nome de seu Pai, o substitui pelo pobre, pelo miserável eu. E uma vez que não mais sente como se apenas naquela santa Vontade estivesse a vida da alma, procura somente a própria satisfação, violando a lei. E quando pensava encontrar a vida, encontra a morte, porque se fecha em si, odiando a Deus, a quem ultrajou, no abismo espantoso chamado pecado. Desta forma, perdemos a força de fazer a vontade de Deus e a luz que nos permite vê-la. Nós não somos mais livres, tornamo-nos escravos da paixão que seguimos, da coisa que preferimos em lugar de Deus. Conscientes de nossa maldade, da desordem de nossa natureza, precisamos, pois, pedir a Deus:
seja feita em nós a tua vontade – fiat voluntas tua![12](1917, 1º de novembro, Parma – Catedral, Homilia “Fiat voluntas tua”; FCT 17, 45)
12 "O homem, somente o homem, constitui a nota desafinada no cântico de louvor que todas as criaturas entoam a seu Senhor. Apenas o homem tem coragem de levantar a voz contra Deus e lançar-lhe palavras de insulto, de ofensa e de maldição. O homem, criado por Deus com um gesto de infinito amor e por Ele dotado de inestimável valor: a razão; dotado do precioso dom da palavra, ou seja, da estupenda faculdade de realizar, externar e como que encarnar o verbo de sua alma, traduzindo, com vozes articuladas, os conceitos da mente, os sentimentos de seu coração; o homem, que, além disso, foi elevado por Deus ao plano sobrenatural, foi adotado como Seu filho, feito membro do místico Corpo de Cristo, ou chamado a tomar parte nos celestes carismas dos quais é guardiã e dispensadora a Igreja, e destinado a possuir um reino eterno; o homem, o cristão, em poucas palavras, que vive entre os mais grandiosos benefícios de seu Criador e Redentor, no próprio ato que o sustenta, o beneficia, o culmina com Suas graças, tem a ousadia, tomado por horrível revolta, de proferir contra Ele a indevida, a obscena, a ímpia palavra da blasfêmia!"
(1916, 8 de dezembro. Parma – Catedral, Homilia “Blasfêmia e turpilóquio”; FCT 24, 96)
13 "A tudo o que o universo realiza, em um hino de louvor e de agradecimento ao Senhor, o homem, que foi por Ele constituído rei da criação, deverá ficar indiferente, insensível em meio ao concerto universal, viver esquecido do seu Criador, a quem tudo deve e cantar, assim, a nota, mais desafinada e estridente? Não dobrará a fronte perante a divina Majestade, não desatará sua língua na oração, não assistirá ao ato litúrgico por excelência, que é Sacrifício de nossos Altares, enfim, não prestará a Deus a homenagem a Ele devida? E para cumprir esses solenes deveres, considerará demais suspender, por um dia, os trabalhos da oficina, do comércio, do campo? Como o Senhor foi bom para nós! Ele, que poderia ter exigido para si todos os dias de nossa vida, dá-se por satisfeito com um único dia por semana."
(1926, 5 de fevereiro, Parma, Carta pastoral “Observância dos dias santos”; FCT 28, 226-227)
REFLEXÃO
- Diante do grande Dom recebido de Deus, a Natureza, como a tratamos? Conseguimos olhar e perceber a ação divina contida nela?
- Como cuidamos do meio ambiente?
- Me preocupo com o que acontece em outros locais do nosso País ou no mundo? Possuo ações que visam cuidar do meio ambiente em minha casa, no trabalho?
- Que outras preocupações você consideraria importante nessa discussão sobre a crise ambiental?
- Papa Francisco escreveu uma enciclíca chamada Laudato si, sobre o cuidado com a casa comum, você conhece essa enciclíca? Caso conheça concorda com o Papa de que a terra, nossa casa comum, corre sério risco de ser arruinada?
- Como membro de uma comunidade global, de que forma você acha que a sua visão de uma vida satisfatória é afetada pela necessidade de constantemente adquirir e acumular produtos de alta tecnologia?
- Qual caminho seguir na preservação ambiental num mundo moderno em que não há maneiras de retroceder em condição de vida?
- Em suma todos os questionamentos acerca dos problemas ambientais devem ser encarados de forma coletiva, pois não é só o poder governamental que deve ter compromisso, mas sim todos os cidadãos podem participar cada um fazendo sua parte, concorda com esta afirmação?
REFERÊNCIAS:
[1] 1917, 1º de novembro, Parma - Catedral, Homilia “Fiat voluntas tua”; FCT 17,44.
[2] 1903, 21 de dezembro, Ravenna - Discurso aos seminaristas da cidade “Amor ao estudo”; FCT 12, 818. Mons. Conforti está discursando aos seminaristas da cidade, durante colação de grau.
[3] Guido M. Conforti, já desde os tempos de seminário, havia se inscrito entre os Terciários Franciscanos. Temos até hoje o documento que atesta sua tomada do hábito franciscano (17 de dezembro de 1887) e respectiva admissão no Noviciado, com posterior profissão (FCT 6, 450; 584; 5, 46). Uma vez padre e bispo, ele se refugiava frequentemente em lugares franciscanos. Por exemplo, ele fez a última revisão das Constituições, em 1921, em La Verna (Perugia), ali permanecendo por mais de um mês. No mesmo lugar onde Francisco recebeu os estigmas, escreveu o texto sobre o Santo de Assis, publicado na “
Palavra do Pai”, em agosto de 1918, do “
Vida Nossa”, p. 61.
[4] Mons. Conforti não fala da preservação da natureza nos termos usados hoje pelos movimentos ecológicos. Contudo, sua contemplação extasiada da natureza assentou sólidos alicerces para a preservação dela. Temos exemplos e mais exemplos interessantes, como o de não permitir o corte de árvores na casa xaveriana de Vicenza, a fundação do museu chinês, bem como do edifício da Casa Mãe e do Seminário Menor, que figuravam entre os mais bonitos da época e pelos quais recebeu críticas até por parte de colegas sacerdotes. É interessante notar que na primeira casa do Instituto, em Borgo Leon d´Oro 12, faltando espaço para um jardim interno, ele mandou pintar, na parede, um jardim.
[5] Quando lista as virtudes dos Santos dos quais faz o panegírico, mons. Conforti frequentemente lembra a capacidade de ler «o grande livro da criação». De Teresa de Lisieux dirá, como elogio, que «havia recebido uma alma eminentemente poética e sabia ler o grande livro da criação» (FCT 28,112). Vê João da Cruz, em êxtase, falar de Deus, quando contempla a criação (FCT 28, 148).
[6] Mons. Conforti, ao consagrar a Igreja de Traversetolo, em 4 de agosto de 1929, diz: “Sei bem que todo o universo é um templo, um templo grandioso que tem por abóbada o firmamento, por luzes, os astros do céu, por pavimento, a terra. Mas era necessário um outro Templo, onde o homem pudesse sentir a presença de Deus mais de perto, no qual o homem se encontrasse em íntima comunicação com Deus, e este Templo, são exatamente nossas Igrejas. Tudo nelas fala de Deus: suas linhas, o perfume do incenso, as harmonias dos cantos e dos sons, a majestade das cerimônias. Sim, nas nossas Igrejas nos sentimos elevados da terra até o céu. É no Templo que o cristão é restaurado para a vida da graça. Recebe o espírito de fortaleza que o prepara para as lutas da vida, desfruta do Pão dos Anjos, consegue a reconciliação e o perdão, são abençoadas as núpcias” (FCT 28, 162-163).
[7] Sl 19,2.
[8] Sl 9-10: Eu te celebro, Iahweh, de todo o coração, proclamo todas as tuas maravilhas!
[9] Sl 113,2.
[10] Ef 4,15: “Vivendo segundo a verdade na caridade...”
[11] O mesmo texto é repetido por Conforti na
Homilia “Patrem Omnipotentem”.
[12] Mt 6,10.