LAUDATO SI = louvado seja
“Toda a terra te adora e canta louvores a Ti”.
Sl 66,4
Um
olhar por inteiro
«Que
tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que
estão a
crescer?» Este interrogativo é o âmago
da Laudato si’. «Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira
isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária», e isso conduz
a interrogar-se sobre o sentido da existência e sobre os valores que estão na
base da vida social: « Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e
lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra?»: « Se não pulsa nelas esta
pergunta de fundo,– diz o Pontífice – não creio que as nossas preocupações
ecológicas possam surtir efeitos importantes».
O
nome da Encíclica foi inspirado na invocação de São Francisco «Louvado sejas,
meu Senhor», que no Cântico das criaturas recorda que a terra, a nossa casa
comum, « se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência,
ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços» (1). Nós mesmos «somos terra
(cfr Gen 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar
permite-nos respirar e a sua água vivifica-nos e restaura-nos» (2).
Do que nós mais necessitamos para
viver? Cinco elementos fundamentais:
AR
•
Aquecimento
global
•
Poluição
•
Condicionadores
de ar: guerras nucleares, químicas, bacteriológicas
•
Alta
concentração de gases
•
Elevação do
nível do mar
•
¼ da população
vive à beira mar ou muito perto dele.
•
Parte das
megacidades estão situadas em áreas costeiras
ÁGUA
•
Esgotamento
dos recursos naturais
•
Desperdício
•
A pobreza da
água potável, pública
•
A privatização
da água potável – mercado
•
A qualidade da
água e os pobres- diaréia, cólera, sofrimento e mortalidade infantil
•
Envenenamento: cemitérios subaquáticos
•
É um direito
de todos
•
Poderá se
tornar numa das principais fontes de conflito à nível mundial.
ALIMENTO
•
Desflorestamento
•
Agrotóxicos
verso tecnologia
•
Despedício de
1/3 dos alimentos produzidos. A comida que se desperdiça é como se fosse
roubada da mesa dos pobres
•
A importância
de pequenos agricultores e a diversidade de produtos
•
Promover uma
cultura da solidariedade: há 800 milhões de famintos do mundo
ABRIGO: CASA - TERRA -
TRABALHO
•
“Digamos
juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum
camponês sem terra, nenhum
trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”,
declarou, perante trabalhadores precários e da economia informal, migrantes,
indígenas, sem-terra e pessoas que perderam a sua habitação.
AMOR
Uma
«conversão ecológica» que reconheça o mundo «como dom recebido do amor do Pai».
Uma espiritualidade que possa nos motivar a uma preocupação
mais apaixonada para com a proteção deste nosso mundo. A espiritualidade cristã
propõe um crescimento e uma realização marcados pela moderação e pela
capacidade de ser feliz com pouco. O amor, que transborda com pequenos gestos
de carinho mútuo, também é civil e político, e faz-se sentir em toda ação que
busca construir um mundo melhor.
Papa João XXIII
•
PACEM IN
TERRIS- 1963: A paz na terra e a todas as pessoas de boa vontade
Papa Paulo VI - 1971
•
Catástrofe
ecológica: mesmo com todos os avanços científicos, econômicos se não estiver
unido ao progresso social e moral, a natureza se voltará contra o homem.
Papa
João Paulo II – maio de 1992 – conferencia no Rio de Janeiro
•
Convite a uma conversão ecológica
•
Grande perigo:
a natureza vista só para o uso e consumo imediatos.
Papa
Bento XVI: 2009 – Enc. Caridade e verdade
•
O livro da
natureza inclui: ambiente, vidas, sexualidae, família, relações sociais. Há
muitas chagas. O desperdício da criação começa onde já não reconhecemos
qualquer instância acima de nós, mas vemos unicamente a nós mesmos
São
Francisco de Assis (deu o nome ao Papa Francisco) Morreu em 1226 com 44 anos
•
Fala da
importância da harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo
mesmo. São inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os
pobres, o empenho na sociedade e a paz.
Papa Francisco
•
A ecologia
integral requer ir além das ciências exatas, biológicas e nos põem em em
contato com a essência do ser humano. Entrar em comunicação com toda a criação
ao ponto de chegar convidar as flores para louvar a Deus. Admiração, encanto,
língua da fraternidade e não mero objeto de uso e domínio.
•
O mundo é algo
a mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na
alegria e no louvor.
Apelo do Papa Francisco: proteger a
nossa casa comum
“Queria
pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade no âmbito econômico,
político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos
‘guardiões’ da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do
outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o
caminho deste nosso mundo!”.
Dez eixos importantes da Encíclica
Laudato si: O cuidado da casa comum
1- A relação íntima entre os pobres e
a fragilidadde do planeta
•
“Hoje não
podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se
torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o
meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres (n.
49)
•
Os jovens
exigem de nós uma mudança: como construir um futuro melhor sem pensar na crise
do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos.
2- A convicção de que tudo está
estreitamente interligados no mundo
3- A crítica do novo paradigma e das
formas de poder que deriva da tecnologia
•
São
precisamente as lógicas de domínio tecnocrático que levam a destruir a natureza
e explorar as pessoas e as populações mais vulneráveis. «O paradigma
tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a
política» (109), impedindo reconhecer que «o mercado, por si mesmo[...] não
garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social» (109).
4- O convite a procurar outras
maneiras de entender a economia e o progresso
•
Em uma
declaração ousada, Francisco afirma na Carta que “toda a
pretensão de cuidar e
melhorar o mundo requer mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de
produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as
sociedades”. Para ele, o progresso humano autêntico possui um carácter moral e
pressupõe o pleno respeito pela pessoa humana, mas deve prestar atenção também
ao mundo natural.
4- O convite a procurar outras
maneiras de entender a economia e o progresso
•
Em uma
declaração ousada, Francisco afirma na Carta que “toda a pretensão de cuidar e
melhorar o mundo requer mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de
produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as
sociedades”. Para ele, o progresso humano autêntico possui um carácter moral e
pressupõe o pleno respeito pela pessoa humana, mas deve prestar atenção também
ao mundo natural.
5- O valor próprio de cada criatura
•
O Papa vai
lembrar que é próprio da fé cristã olhar a criação não como acaso, mas como
algo que tem início, a presença da ação criadora de Deus, uma finalidade, e a
presença da ação de Deus ao longo de todo o processo humano. Ver a criação como
um gesto de amor de Deus. O sentido é o amor, o convívio, o respeito, e a
contemplação, que é um convite do Papa, não a dominação e a manipulação, mas a
contemplação. Não dominar, mas cultivar, guardar, zelar, proteger.
6-
O sentido humano da ecologia
•
O coração da
proposta da Encíclica é a ecologia integral como novo
paradigma de justiça; uma
ecologia «que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e
as suas relações com a realidade que o circunda» (15). De fato, «isto
impede-nos de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera
moldura da nossa vida» (139). Isto vale, por mais que vivemos em diferentes
campos: na economia e na política, nas diversas culturas, em particular modo
nas mais ameaçadas, e até mesmo em cada momento da nossa vida cotidiana.
7- A necessidade de debates sinceros e honestos
Empreender
em todos os níveis da vida social, econômica e política um diálogo honesto, que
estruture processos de decisão transparentes, e recorda (cap. 6) que nenhum
projeto pode ser eficaz se não for animado por uma consciência formada e
responsável, sugerindo idéias para crescer nesta direção em nível educativo,
espiritual, eclesial, político e teológico.
8- A grave responsabilidade da
política internacional e local
Adotar
algumas medidas urgentes, entre elas: uma politica que não se submeta à
economia; acordos internacionais que não fiquem no papel, mas sejam eficazes; o
equilíbrio entre a soberania de cada pais e a questão global; a preocupação
diante dos estados enfraquecidos; a questão dos oceanos; a transparência nos
processos políticos e, sempre, estudos prévios sobre impactos ambientais.
9- A cultura do descarte
Centrada
exclusivamente em si mesmo e no próprio poder. Deriva então uma lógica do
«descartável» que justifica todo tipo de descarte, ambiental ou humano que
seja, que trata o outro e a natureza como um simples objeto e conduz a uma
miríade de formas de dominação. É a lógica que leva a explorar as crianças, a
abandonar os idosos, a reduzir os outros à escravidão, a superestimar a
capacidade do mercado de se autorregular, a praticar o tráfico de seres
humanos, o comércio de peles de animais em risco de extinção e de “diamantes
ensanguentados”. É a mesma lógica de muitas máfias, dos traficantes de órgãos,
do tráfico de drogas e do descarte de crianças porque não correspondem ao
desejo de seus pais. (123)
10- Proposta de um novo estilo de
vida
Francisco
faz propostas ousadas para tentar superar essa crise atual e pede uma “corajosa
revolução cultural”. Entre elas, uma cultura ecológica, como proposta de
superação do paradigma tecnológico, baseada em uma mudança de mentalidade. Ele
propõe um ousado programa de “Ecologia e Desenvolvimento”, em que afirma ser
preciso encontrar um equilíbrio, reduzir o ritmo de produção e consumo e dar
lugar a outra modalidade de progresso e desenvolvimento. A partir da ecologia,
encontrar outro modo de compreender a vida, o progresso e o desenvolvimento.
O
Papa Francisco cita a Amazônia na Laudato Si, e reconhece a importância da
preservação dela para o futuro da humanidade.
‘Deus
perdoa sempre,
nós pessoas humanas algumas vezes, a natureza, nunca’
Será que São Guido Maria Conforti tem algo a dizer sobre a
ECOLOGIA?
Ele fala de três Livros:
- O Universo: como o grande Livro da Natureza
- O Crucificado como o grande Livro da Missão
- A Palavra de Deus: como o grande Livro Santo
O mundo, o universo é um grande livro, fiel expressão do
pensamento de Deus. Precisamos ter uma fé viva que nos leve a: “ver Deus, amar
Deus, procurar Deus em tudo, aguçando em nós o desejo de propagar em toda parte
o seu Reino” (CT 10).
O mundo visível é a casca transparente de um mundo
invisível. Para ele, Deus está perto, está longe, está em cima, está no
interior, está em qualquer lugar. Observe as estrelas, o fogo, a água, a luz, a noite, a
tempestade ... Lá está Ele: DEUS!
Está ao nosso redor, com seu calor que nos anima. Está dentro de nós, no ar que nos faz viver.
Ele escuta tudo, tanto os cantos sublimes dos serafins, como os alegres
gorjeios do sabiá, o zumbido da abelha.Escuta o rugido do leão, o sussurro do
riacho, o bramido do mar e o balançar da folha. Ele vê todo o sol que ilumina o universo. Vê o inseto escondido na
grama ou entre os ramos das árvores, o peixe perdido nos abismos do oceano. Sabe
das necessidades do passarinho, que abre o bico esperando o alimento.
Ele conhece nossos desejos, nossas necessidades; nutre,
esquenta, veste e protege tudo que respira. Ele é nosso Pai. Poderia um dia nos
esquecer?
FELIZES OS APAIXONADOS
Paixão pela Vida
Paixão por Cristo
Paixão pela Humanidade
Paixão pela Natureza
Paixão pela Missão
Porém, os animais que mais gozavam da simpatia de Guido eram
os passarinhos do céu e os filhote em seus ninhos e as rãs do canal. Em suas
catequeses quando bispo voltava frequentemente a esta imagem: o universo é um
livro, precisamos aprender a ler esta maravilhosa mensagem do amor de Deus: Pai
Filho e Espírito Santo. O sol que nasce, aquece e ilumina o mundo todo, as
estrelas que brilham na noite, a flor que desabrocha, não falam, não fazem
barulhos, no entanto “seu som ressoa e se espalha por toda a terra, chega aos
confins do universo a sua voz” (Sl 19).
Guido Maria comenta:
«Todos os seres nos convidam a prestar
honra e glória ao nome daquele Deus, do qual todos procedem. O universo
é um discípulo que responde, um missionário que anuncia.
O GRANDE SONHO
O missionário é o símbolo mais belo, o apóstolo mais
convicto e ardoroso dessa fraternidade universal, à qual a humanidade tende
instintivamente ou por força dos acontecimentos, cooperando quase que
inconscientemente para a realização do desígnio grandioso de Cristo, que profetizou
que, de todos os homens, deverá se formar uma só família, um só rebanho e um só
pastor.” (1931 São Guido Maria)
Oração pela pela nossa terra
Deus
Onipotente, que estais presente em todo o universo e na mais pequenina das
vossas criaturas, Vós que envolveis com a vossa ternura tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz, para que vivamos como irmãos e irmãs sem prejudicar
ninguém. Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar os abandonados e esquecidos
desta terra que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida, para que
protejamos o mundo e não o depredemos, para que semeemos beleza e não poluição
nem destruição. Tocai os corações daqueles que buscam apenas benefícios à custa
dos pobres e da terra. Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a
contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas
as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado porque estais
conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o
amor e a paz.
Atenção: Este texto foi a
reflexão feita na assembléia dos Leigos Xaverianos do Estado de S. Paulo.
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