Para
João Batista Libânio, por meio do Concílio Vaticano II a Igreja católica lançou
o olhar para dentro de si e para o mundo moderno
Por:
Graziela Wolfart e Luis Carlos Dalla Rosa
Em
entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, João Batista Libânio analisa, da
seguinte forma, a atualidade e as perspectivas do Concílio Vaticano II após 50
anos de sua realização: “a face maior da Igreja modificou-se profundamente.
Entrou espírito de liberdade diante de imposições externas, de leis
extrínsecas. O fiel fez-se consciente e responsável no que diz respeito à
Igreja institucional e deixou de ser simples súdito obediente. A vida litúrgica
prossegue, embora mais lentamente, a caminhada de resposta às novas situações.
A fé adquiriu maior clareza em face da Religião como instituição e expressão
crítica diante da pluralidade estonteante de práticas religiosas. No entanto, a
perda de clareza das referências objetivas por causa da irrupção no seio da
Igreja do espírito de criatividade, liberdade e autonomia das pessoas, tem
produzido reações conservadoras em busca de segurança. Aí se trava um dos
combates duros do momento. Avançar com os riscos ou fixar-se em parâmetros
objetivos, claros, mesmo que os tenha de buscar no passado. O termo que se faz
divisor de águas chama-se hermenêutica. Para uns, faz-se o único caminho
possível diante da descoberta da autonomia dos sujeitos e da rápida
transformação social e cultural. Para outros, identifica-se tal caminhada com o
famigerado relativismo, a ser, portanto, rejeitado. Entre relativismo a pedir
reafirmação da objetividade dos ensinamentos e das práticas e a hermenêutica
que introduz a fluidez das contínuas novas posições: eis o duelo maior do
momento em termos teóricos. E o reflexo na prática chama-se ortodoxia,
fundamentalismo, conservadorismo, de um lado, e, de outro, cisma branco, cisma
silencioso, prescindência, liberdade em assumir os elementos doutrinais, morais
e institucionais correspondentes à experiência das pessoas”.
João
Batista Libânio é padre jesuíta, escritor, filósofo e teólogo. É também mestre
e doutor em Teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG, de Roma.
Atualmente leciona na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE e é
membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG. É autor de diversos livros, dentre os quais destacamos Teologia da
revelação a partir da modernidade (Loyola, 2005) e Qual o futuro do
cristianismo (Paulus, 2008). Com Comblin e outros, é autor de Vaticano II: 40
anos depois (Paulus, 2005). Seu livro mais recente é A escola da liberdade:
subsídios para meditar (Loyola, 2011).
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