Nós,
cristãos, precisamos de um tempo para refletir sobre nossa fé e sobre nosso
papel como cristãos leigos discípulos e missionários nos dias de hoje. A
Quaresma, anualmente, nos proporciona a oportunidade de exercermos
intensamente o amor fraterno como meio de conversão, a fim de alcançarmos a
misericórdia. São quarenta dias que temos para
nos aproximar mais intimamente de Deus por meio da oração, da penitência e da
caridade. Mas o tempo Quaresmal é, ainda, mais do que isso, é um tempo para nos
voltarmos para dentro de nós mesmos avaliando e refletindo sobre nossas
atitudes do dia a dia, nosso relacionamento com a família, com os amigos, com
os colegas de trabalho, com a/as comunidade/s em que estamos inseridos, sobre a
nossa Casa Comum.
Muitas vezes
me pergunto: o que estou fazendo, de fato, como cristão? Como estou
contribuindo para difundir a minha crença para outros que não creem? Tenho sido
útil à minha Igreja? O que a minha Igreja espera de mim? Sou uma Igreja em
saída, como quer o Papa Francisco? Quais são as amarras que me impedem de
enxergar o Cristo no outro? Consigo perdoar o outro como Deus me perdoa? Quando
nos damos conta de que já se passaram mais de dois mil anos da passagem
d'Aquele que morreu para nos salvar de nossos pecados, para redimir e dar novo
rumo à humanidade e tão pouco fizemos e fazemos para merecer o amor e a
misericórdia de Deus! E por mais que nos esforcemos, parece que não conseguimos
nos desvestir de nossa carapaça humana para pensar, antes de nós, no outro.
Poucos na história foram capazes de abrir mão de sua individualidade em prol da
coletividade, em prol dos mais pobres e necessitados, dos desvalidos de saúde,
família, amor, dinheiro, das condições mínimas de sobrevivência. Verdadeiras vítimas
do capitalismo perverso!
Todos somos
miseráveis porque somos injustos, egoístas, infiéis, por isso não podemos perder
esta oportunidade que este tempo da Quaresma, do Ano Jubilar da Misericórdia e da
Campanha da Fraternidade estão nos proporcionando, tempo de acreditar no Deus
que é todo misericórdia. Nosso Pai estará sempre de braços abertos para nos
receber, tal qual o filho pródigo. Sejamos verdadeiramente conscientes ao
acreditar que nossas vidas serão norteadas pela aproximação com o Jesus
crucificado, só Ele é o caminho que nos levará a Deus. Acreditar que com a
misericórdia de Deus podemos nos converter. As orações deste tempo nos fazem
mais fortes, colocam freios em nossas atitudes e pensamentos. É tempo de olhar
com amor para dentro de nós, e nos perdoar. É tempo de enxergar o Cristo no
outro. É tempo de preparar um terreno fértil para as sementes que vamos plantar
nos corações dos pobres, miseráveis e excluídos. É tempo de acabar com a
degradação social.
Esta reflexão
nos remete ao tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem um caráter de
ecumenismo, já que assumida em conjunto com o Conselho Nacional de
Igrejas Cristãs (CONIC). O seu tema é “Casa comum, nossa responsabilidade”,
ressaltando a justiça e o direito ao saneamento básico para todos, num agir
ecumênico.
Como leigos missionários
xaverianos, qual nosso propósito quaresmal para a globalização
da solidariedade? Impulsionados e com grande ardor missionário, voltemos nosso
olhar para as palavras de São Guido Maria Conforti: devemos ter um “Espírito
de fé viva que nos leva a “ver Deus, amar Deus, procurar Deus em tudo, aguçando
em nós o desejo de propagar em toda parte o seu Reino” (cf. LT 10).”
Cecília
Macedo e Maria Angélica Kroetz Kovalhuk
Fontes: Carta
Encíclica do Sumo Pontífice Francisco “Laudato Si’ Louvado Sejas, subsídio da
Campanha da Fraternidade 2016, O nome de Deus é misericórdia de Andrea Tornielli
e Constituição dos Missionários Xaverianos