domingo, 28 de fevereiro de 2016

Uma reflexão sobre a Quaresma

Nós, cristãos, precisamos de um tempo para refletir sobre nossa fé e sobre nosso papel como cristãos leigos discípulos e missionários nos dias de hoje. A Quaresma, anualmente, nos proporciona a oportunidade de exercermos intensamente o amor fraterno como meio de conversão, a fim de alcançarmos a misericórdia. São quarenta dias que temos para nos aproximar mais intimamente de Deus por meio da oração, da penitência e da caridade. Mas o tempo Quaresmal é, ainda, mais do que isso, é um tempo para nos voltarmos para dentro de nós mesmos avaliando e refletindo sobre nossas atitudes do dia a dia, nosso relacionamento com a família, com os amigos, com os colegas de trabalho, com a/as comunidade/s em que estamos inseridos, sobre a nossa Casa Comum.
Muitas vezes me pergunto: o que estou fazendo, de fato, como cristão? Como estou contribuindo para difundir a minha crença para outros que não creem? Tenho sido útil à minha Igreja? O que a minha Igreja espera de mim? Sou uma Igreja em saída, como quer o Papa Francisco? Quais são as amarras que me impedem de enxergar o Cristo no outro? Consigo perdoar o outro como Deus me perdoa? Quando nos damos conta de que já se passaram mais de dois mil anos da passagem d'Aquele que morreu para nos salvar de nossos pecados, para redimir e dar novo rumo à humanidade e tão pouco fizemos e fazemos para merecer o amor e a misericórdia de Deus! E por mais que nos esforcemos, parece que não conseguimos nos desvestir de nossa carapaça humana para pensar, antes de nós, no outro. Poucos na história foram capazes de abrir mão de sua individualidade em prol da coletividade, em prol dos mais pobres e necessitados, dos desvalidos de saúde, família, amor, dinheiro, das condições mínimas de sobrevivência. Verdadeiras vítimas do capitalismo perverso!
Todos somos miseráveis porque somos injustos, egoístas, infiéis, por isso não podemos perder esta oportunidade que este tempo da Quaresma, do Ano Jubilar da Misericórdia e da Campanha da Fraternidade estão nos proporcionando, tempo de acreditar no Deus que é todo misericórdia. Nosso Pai estará sempre de braços abertos para nos receber, tal qual o filho pródigo. Sejamos verdadeiramente conscientes ao acreditar que nossas vidas serão norteadas pela aproximação com o Jesus crucificado, só Ele é o caminho que nos levará a Deus. Acreditar que com a misericórdia de Deus podemos nos converter. As orações deste tempo nos fazem mais fortes, colocam freios em nossas atitudes e pensamentos. É tempo de olhar com amor para dentro de nós, e nos perdoar. É tempo de enxergar o Cristo no outro. É tempo de preparar um terreno fértil para as sementes que vamos plantar nos corações dos pobres, miseráveis e excluídos. É tempo de acabar com a degradação social.
Esta reflexão nos remete ao tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem um caráter de ecumenismo, já que assumida em conjunto com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). O seu tema é “Casa comum, nossa responsabilidade”, ressaltando a justiça e o direito ao saneamento básico para todos, num agir ecumênico.
Como leigos missionários xaverianos, qual nosso propósito quaresmal para a globalização da solidariedade? Impulsionados e com grande ardor missionário, voltemos nosso olhar para as palavras de São Guido Maria Conforti: devemos ter um “Espírito de fé viva que nos leva a “ver Deus, amar Deus, procurar Deus em tudo, aguçando em nós o desejo de propagar em toda parte o seu Reino” (cf. LT 10).”


Cecília Macedo e Maria Angélica Kroetz Kovalhuk

Fontes: Carta Encíclica do Sumo Pontífice Francisco “Laudato Si’ Louvado Sejas, subsídio da Campanha da Fraternidade 2016, O nome de Deus é misericórdia de Andrea Tornielli e Constituição dos Missionários Xaverianos

Um comentário:

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