quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PAPA FRANCISCO NO CHILE E PERU

De 15 a 22 de janeiro, o Papa Francisco está pela quarta vez à América Latina para uma visita apostólica ao Chile e ao Peru. O encontro com indígenas da floresta amazônica, oriundos do Peru, Bolívia e Brasil, será um dos pontos altos da viagem do Santo Padre.

A viagem, que conduz primeiro o Santo Padre ao Chile, é marcada, na manhã de 16 de janeiro, por encontros oficiais com as autoridades, a sociedade civil, o corpo diplomático e com a Presidente da República, Michelle Bachelet, em Santiago do Chile. Às 10h30, o Parque O'Higgins, localizado na capital chilena, acolhe a celebração da santa missa. No período da tarde, o Santo Padre visita, às 16h00, o Centro Penitenciário Feminino de Santiago e participa, às 17h15, num encontro com sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas na catedral de Santiago. Já na sacristia da catedral, o Santo Padre reúne, às 18h15, com os bispos. O Santuário de São Alberto Hurtado, sj, é o último local visitado pelo Papa Francisco neste primeiro dia de visita oficial, que decorre sobre o lema 'Dou-vos a minha paz'. Neste local, o Sumo Pontífice tem, às 19h15, um encontro privado com os sacerdotes da Companhia de Jesus.
Dia 17 de janeiro, Francisco parte para Temuco, a sul da capital, e celebra, às 10h30, uma Eucaristia no aeroporto de Maquehue. Segue-se, às 12h45, o almoço com alguns habitantes da região de Araucanía na Casa 'Madre de la Santa Cruz', instituição dedicada à formação de crianças e jovens. Regressado a Santiago do Chile, o Santo Padre reúne, às 17h30, com os jovens chilenos no Santuário de Maipu, dedicado a Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Chile. Este encontro decorre no ano em que se celebram 200 anos da promessa de construção do santuário pelo povo chileno. O programa deste dia termina com a visita à Pontifícia Universidade Católica do Chile, às 19h00.
A viagem do Papa Francisco ao Chile termina a 18 de janeiro com a visita à cidade de Iquique, no norte do país, marcada pela celebração eucarística no Campus Lobito, às 11h30, e pelo almoço com a comitiva papal na 'Casa de Retiros do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes', dos Padres Oblatos.

Chegado a Lima, no Peru, durante a tarde de 18 de janeiro, o Santo Padre parte na manhã seguinte para Puerto Maldonado, na floresta amazônica, onde se reúne, às 10h30, com membros dos povos da Amazônia no Centro Regional Madre de Dios. De acordo com o bispo do Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado, D. David Martínez Aguirre, foram enviados aos povos indígenas convites para participarem no encontro com a frase 'O Papa Francisco vem para vos ver'. O responsável espera que, através deste encontro, os povos da Amazônia "sejam reconhecidos como protagonistas importantes" na tomada de decisões relativas aos recursos da floresta amazônica, "não apenas nas que afetam os seus territórios", mas também a nível nacional e mundial. Como enfatiza do Papa Francisco na encíclica 'Laudato Si', para as comunidades indígenas "a terra não é um bem económico, mas um dom gratuito de Deus e dos antepassados que nela descansam, um espaço sagrado com o qual precisam de interagir para manter a sua identidade e os seus valores". Alvo de pressões para deixarem os seus territórios, os povos indígenas enfrentam os interesses das indústrias extrativas e agro-pecuárias que "não prestam atenção à degradação da natureza e da cultura".
Às 11h30, o Santo Padre tem um encontro com a população local no Instituto Jorge Basadre, instituição pública de ensino superior e tecnológico. As crianças do Lar Principito, vítimas de maus tratos e sem-abrigo, recebem, às 12h15, o Papa Francisco, que almoça com representantes dos povos da floresta amazônica, no Centro Pastoral 'Apaktone' ('pai velho' na língua dos Harakbut). O Sumo Pontífice regressa a Lima durante a tarde, onde tem um encontro com as autoridades, membros da sociedade civil, corpo diplomático e com o Presidente da República, Pedro Pablo Kuczynski. Às 17h55, Francisco reúne em privado com os membros da Companhia de Jesus na Igreja de São Pedro.
A viagem, sob o mote 'Unidos pela Esperança', prossegue, a 20 de janeiro, para Trujillo, no norte do Peru, onde se celebra, às 10h00, uma Eucaristia na estância balnear de Huanchaco. Depois da visita de papamóvel pelo bairro 'Buenos Aires', em Trujillo, às 12h15, o Papa visita a Catedral, às 15h00, reunindo-se, depois com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas do norte do Peru no Colégio Seminário SS. Carlos e Marcelo. A visita a Trujillo termina com a celebração mariana à Virgem da Porta na Praça de Armas, às 16h45.
No último dia da viagem, Francisco participa na oração da Hora Média, às 9h15, com as religiosas de vida contemplativa no Santuário das Nazarenas, onde se encontra o mural do Senhor dos Milagres. Às 10h30, o Santo Padre faz uma oração junto às relíquias dos Santos peruanos na Catedral de Lima. Após o encontro com os bispos no Palácio Arcebispal, o Papa dirige-se à população na Praça das Armas, para o Angelus dominical.
O Papa Francisco regressa a Roma no final da tarde de dia 21 de janeiro, descendo na capital italiana às 14h15 de 22 de janeiro.

Mais informações, acesse:
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/travels/2018/outside/documents/papa-francesco-cile-peru_2018.html 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ASSEMBLEIA ANUAL DOS MISSIONÁRIOS XAVERIANOS BRASIL NORTE E SUL

Brasil Norte – A Assembleia dos Padres Xaverianos do Brasil Norte aconteceu do dia 04 ao dia 09 de janeiro de 2018. Contou com a presença de 30 padres xaverianos. Foi importante também a presença da Direção Geral com o Pe. Mario Mula e Pe. Xavier Pegueiro. Com a temática sobre o Laicato Xaveriano que foi realizada pelo Pe Estevão Raschietti da Região Brasil Sul. Segundo o Padre Paolo Andreolli, a Assembleia foi realizada sob um “clima de muita fraternidade e de discernimento á luz do ultimo Capítulo Geral e do Ano Nacional do Laicato.” A Assembleia também contou com a presença de alguns leigos e leigas, amigos(as) dos xaverianos que partilharam conosco a riqueza da experiência laical alimentada por um amor ao nosso carisma xaveriano, segundo o Pe Paolo e ressalta que “estamos ainda em pleno discernimento para crescer juntos com os leigos, com certeza o Senhor está nos preparando para um reposicionamento com a ajuda dos leigos que conosco vivenciam o amor pelo nosso carisma e pelo nosso fundador”.



Brasil Sul – A Assembleia anual dos Xaverianos do Brasil Sul aconteceu de 09 à 13 de janeiro de 2018, na casa de retiros das Irmãs da Divina Providência na cidade de Curitiba (PR). A principal temática foi sobre a Cultura Vocacional, que contou com a assessoria do Pe. Valdecir Ferreira, da Diocese de Apucarana (PR), além do Pe. Estevão Raschietti que assessorou sobre a temática dos leigos missionários em sintonia com ano do laicato. Na ocasião também foi celebrado os 60 anos de sacerdócio do Pe. Leone Occhio.




CAMPANHA DA FRATENIDADE 2018



Texto elaborado por Pe Rafael Lopez Villasenor
OBJETIVO GERAL: Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho da superação da violência.
  1. VER: DIVERSAS FORMAS DE VIOLÊNCIA
Existem múltiplas formas de violência que não se resumem apenas a atos, mas também estruturas violentas. Portanto, para superar a violência não será possível sem uma ampla participação da sociedade organizada.
Apesar do Brasil possuir menos de 3% da população mundial, responde por quase 13% dos assassinatos no planeta, cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora. Acontecem mais homicídios no Brasil, que em diversas guerras. São constantes sequestros, estupros, assaltos, homicídios…
Três fatores são fundamentais para definir os espaços de paz e violência: 1º a omissão do poder público nas periferias, onde toma lugar grupos armados, tráfico de drogas… 2º o poder do dinheiro, isso é, quem pode, paga por segurança privada e bons advogados. 3º o tratamento seletivo pelos órgãos públicos, dos três poderes em relação aos direitos e ao acesso à Justiça. Inclusive, existe uma violência institucional que cria crises econômicas, inflação corrosão dos salários, que trazem perda do poder aquisitivo para os mais pobres aumentando a desigualdade social. A violência direta e estrutural é mais fácil ser identificada.
Existe a cultura da violência, entendida através das condições em que a sociedade não reconhece como violência atos ou situações em que pessoas são agredidas, fazendo a justificativa, como se uma ação violenta fosse devida, à própria conduta da pessoa que a sofre. Ex. o estupro da mulher, a violência contra homossexuais…
A violência no Brasil vem desde o período colonial, pois acreditava-se que o branco era superior ao índio e ao negro. Na República foi instalada apenas uma igualdade formal e legal pela elite econômica, política e jurídica. Mas até hoje, o país é desigual e violento, em especial para quem trabalha em favor da igualdade dos direitos dos pobres.
O modo violento como se vive hoje, busca manter os privilégios das elites e da classe política, que perpetuam as estruturas geradoras de violência. Inclusive, a corrupção manifesta que o dinheiro está em primeiro lugar, o bem das pessoas e o bem público em segundo. A corrupção leva ao descrédito das instituições. As “reformas” encaminhadas pelo governo federal dão apenas importância ao mercado e a elite, mas acabam com os direitos das pessoas mais pobres e vulneráveis.
Os últimos anos se criminalizam os movimentos sociais e populares que têm pontos de vista diversos às propostas dos poderosos e do sistema econômico. O Estado é cúmplice da violência contra indígenas, quilombolas, sem-terra e ambientalistas.
A violência é resultante da desigualdade econômica. Ao gerar exclusão e perpetuar as desigualdades sociais, a economia produz violência e morte. Apenas 62 pessoas detêm o mesmo dinheiro que a metade mais pobre da humanidade. Os mais ricos são 1% da humanidade, mas detêm 99% da riqueza mundial, portanto a desigualdade gera violência e injustiça social que traz consigo a morte e a exclusão.
A violência racial contra negros, índios, migrantes e imigrantes se dá através do desrespeito, do ódio e da xenofobia (medo da pessoa diferente). Nos últimos anos houve uma diminuição de 26% dos homicídios de brancos com arma de fogo e um aumento de 46,9 % de negros. Entre os jovens de 15 a 24 anos, a maioria das mortes são causadas por homicídios, principalmente entre os negros. As vítimas de homicídio são na maioria homens, mas existe a tendência a crescimento entre mulheres, especialmente negras.
Todavia, 27% das mulheres assassinadas têm o agressor em casa, enquanto que 48% dos assassinatos dos homens está na rua. Em 2015 o Brasil registrou mais de quarenta e cinco mil casos de estupro, contudo se acredita que sejam muitos mais. A violência contra a mulher acontece principalmente dentro de casa. As agressões domesticas, na maioria dos casos, são praticados pelo parceiro ou ex-parceiro da vítima. A agressão contra a mulher é um dos casos da cultura de violência com baixa punição.
Segundo a UNO (Organização das Nações Unidas) a pobreza é a causa da violência, que origina mais mortes no mundo. A pobreza e a desigualdade social prejudicam seriamente a saúde e o desenvolvimento das crianças desde antes do nascimento. Toda criança necessita de apoio incondicional na primeira infância.
O tráfico de pessoas é uma das formas mais violentas de exploração, trata-se de uma modalidade de crime organizado transnacional, atrelado a exploração sexual, ao comércio de órgãos, a pornografia infantil, as formas ilegais de imigração para a exploração do trabalho análogas à escravidão. 75% são mulheres. Também a violência no campo teve um aumento de assassinatos, ameaças de morte, agressões, etc. sendo as maiores vítimas os quilombolas e os indígenas, vítimas da invasões e devastação de terras demarcadas por parte dos poderosos.
No Brasil há entre 20 e 30 milhões de viciados em álcool e 870 mil dependentes de cocaína. Levando lentamente para a morte. Existe por parte dos governos nacionais e internacionais um esforço para o combate às drogas, mas falta uma maior atenção para o combate a produção e distribuição.
No Brasil tem uma das maiores populações do mundo de presos, (650 mil), vivendo em condições degradantes e sub-humanas, gerenciando organizações criminosas que controlam a criminalidade dentro e fora dos presídios.
A polícia que deveria ajudar na superação da violência, muitas vezes, é violenta e corrupta, cria desconfiança e ambiguidade da corporação. Ela teria o papel da mediação dos conflitos, da democracia, sendo responsável pela preservação da vida e da segurança pública. Mas nem sempre os policiais cumprem de maneira adequada a sua missão, inclusive muitos deles são assassinados dentro ou fora do serviço, as vezes envolvidos em corrupção.
No Brasil a informação por parte da mídia acaba sendo desvirtuada, seletiva e parcial, criando uma sociedade da desinformação e do espetáculo, a partir dos fatos, desinformando os verdadeiros acontecimentos.
Existe no país intolerância e fanatismo religioso, que se concretizam no desrespeito à liberdade, no preconceito, no fanatismo e na demonização das religiões, especialmente de matriz africana.
A violência no trânsito é causada, muitas vezes, por dirigir alcoolizado (30% das mortes do trânsito), por trafegar em alta velocidade, por falta de atenção e/ou pela manutenção do veículo.

  1. JUGAR: A BÍBLIA E O MAGISTÉRIO ECLESIAL
Os textos do AT que fazem referência a um Deus violento devem ser lidos no contexto originário. Toda violência é contrária ao desejo e projeto Divino. A violência na história da humanidade é sinal da ausência de Deus.
Na criação Deus fez a humanidade a sua Imagem e semelhança (Gn 1,26-27). A violência vem depois, que aparece o pecado, como o assassinato de Abel pelo irmão Caim (Gn 4,1-16), mas Deus pune o violento (Gn 4, 19-24). Portanto, a violência é consequência do pecado e desfigura a humanidade.
Para punir atos violentos, na Bíblia surgem leis que proíbem assassinato (Ex 20,13; Dt 5,17). Se exige a justiça social (Sl 85,10). A lei do talião procurou estabelecer, o limite da vingança (Ex 21,24; Lv 24,20). Era proibido oprimir o estrangeiro (Ex 23,9), guardar ódio (Lv 19,17), e se vingar (Lv 19,18).
Até, os profetas sofrem violência e perseguição (Jr 26; 1Rs19,2; Am 7,10-17). Eles são unanimes em denunciar o sistema de morte e violência (Am 5,24; Mq 6,8; Is 58,6-7; Jr 7,3-5; Os 4,1-2;). Defendem os pobres e oprimidos (Is 1,16-17; Am 3,9-10).
Os livros sapienciais excluem qualquer uso da violência (Pr 3,29-32; 4,14; 13,2; Lm 3; Sl 7,2-3; 10, 7-8; 27,12). Mostram um Deus misericordioso (Es 34,6; Nm14,18; Gn 4,2; Ne 9, 17).
Jesus anuncia a Boa Nova de reconciliação e de Paz, embora a tentação da violência está nos discípulos (Lc 9,54-55; Lc 22,38; Mc 14,47; Jo 18, 8.11). Prega amor aos inimigos (Mt 5,44; Lc 6,27). Anuncia a perfeição e a misericórdia (Mt 5,38-42; 5,43-48; Lc 6,35). Defende a mulher surpreendida em adultério (Jo 8,3-11). Jesus é sempre é a favor da Vida (Jo 10,10) e da paz (Mt 5,9; 10,12; Jo 14,27). Para Ele a violência brota do coração do homem (Mc 7,14-15.21-23; Mt 5,44), e Ele mesmo oferece o perdão na cruz (Lc 23,34).
A Igreja convida a promover a cultura do diálogo que supere a violência. João XXIII publicou a encíclica (1963) Pacem in Terris que denuncia a violência e convida a todos os homens de boa vontade a trabalhar pela paz e a justiça. O Concílio Vaticano II em Gaudium Spes pede a edificação da paz e a eliminação das discórdias. Após o Concílio Vaticano II, Paulo VI veio instituir o dia Mundial da Paz em 01 de janeiro de cada ano com o objetivo de superar a violência. João Paulo II se encontrou com líderes religiosos em Assis (Itália) para promover a paz e o diálogo entre as religiões.

  1. AGIR: AÇÕES PARA SUPERAR A VIOLÊNCIA
A superação da violência nasce com a boa relação com os outros. Ninguém nasce violento, mas pode vir a ser violento. Todos desejamos a paz, muitas pessoas a constroem com pequenos gestos. Pequenos e cotidianos gestos são necessários para a construção de um mundo novo, sem violência. Portanto, a superação da violência pede o compromisso da sociedade civil, das igrejas e dos poderes constituídos para assegurar o cumprimento dos direitos humanos e de políticas públicas emancipatórias.
A família deve promover e formar para a cultura da paz e da não violência. Precisamos estimular a cultura da tolerância, do respeito, do diálogo e da paz, nas práticas cotidianas e redes sociais. Não somos adversários, mas irmãos. Três ações devemos observar na construção da cultura da paz: fraternidade, ternura e compaixão.
Nunca pagar o mal com o mal, renunciando a todo forma de violência, vivendo a solidariedade e a misericórdia nas nossas ações. Desenvolver a capacidade do diálogo diante dos conflitos. De maneira especial trabalhar pela superação da violência doméstica e familiar.
Trabalhar pela justiça restaurativa consigo mesmo, com a família e com a sociedade. Articular momentos de oração através do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. Ser solidários com as vítimas da violência da sociedade.
A superação da violência no sistema capitalista que busca o lucro econômico e não o ser humano é um desafio. A pobreza e a fome é uma das piores formas de violência. É necessário o cumprimento do estatuto da Criança e Adolescente que garanta os direitos fundamentais e básicos. Denunciar todo tipo de violência sexual contra crianças e adolescentes, promovendo parcerias com os Conselhos Tutelares.
Lutar contar contra a violência doméstica, familiar e da mulher aplicando a lei Maria da Penha. Lutar contra toda forma de violência e apoiar a defesa dos direitos humanos. Erradicar o analfabetismo, o trabalho escravo, o tráfico de pessoas e órgãos.
Apoiar a luta e demarcação dos povos Indígenas, estimulando a Reforma Agrária, defendendo a ecologia, as florestas e recursos naturais. Acompanhar os usuários de drogas, denunciando a criminalidade e tráfico de drogas, fortalecendo a Pastoral da sobriedade.

domingo, 14 de janeiro de 2018

FORAM E VIRAM...


Sob o convite  "Vinde e Vede!" os dois discípulos de João foram e viram onde Jesus morava, num primeiro momento ficaram com Ele o dia inteiro. A pergunta é O QUE VIRAM? Ou o que lhes interessava ver? Era somente uma mera curiosidade?

Afinal como poderiam seguir um peregrino, sem morada fixa, vivendo e parando aqui e acolá? Como apostar a vida em algo que era incerto...


Quem era Aquele homem que a todos curava e com seu olhar cheio de compaixão? Os discípulos viram a identidade de Jesus, VIRAM quem Jesus era: o Messias!



Tal foi o reconhecimento que FORAM, VIRAM e ANUNCIARAM ter encontrado o Cristo e se EMPENHARAM no anúncio, possibilitando a tantos outros que pudessem realizar a mesma experiência!
Essa é a nossa missão como cristãos: ajudar e levar a todos a experimentar, procurar e encontrar Jesus Cristo!
A pergunta é: como se faz isso? Como posso levar as pessoas a Jesus Cristo? Abaixo segue algumas dicas:

1. Rezar pelas pessoas
Antes de falar com uma pessoa, devemos rezar por ela. Então, Deus estará no meio de nós e, se Deus está conosco pelo seu Espiríto Santo, tenderemos a ser mais amigos dos outros e a julgar, criticar e condenar muito menos. E quem é a pessoa que não goste de ouvir alguém dizer que pensou nela, rezou por ela, lhe desejou o melhor, mesmo que seja uma pessoa por quem nem temos grandes afetos?



2. Ter consciência reta, bondade no agir para dar testemunho do que dizemos
Quando levamos uma vida com retidão, apresentamo-nos sem temor diante dos outros. E livres de frustrações, ressentimentos, amarguras, seremos mais agradáveis com os outros. De fato, é o coração o que nos une. E isso inspira confiança.




3. Sem discussões desnecessárias
E de modo particular se é para impor ideias pessoais. Discutir é diferente de debater, persuadir, esclarecer. Estas atitudes demonstram respeito. Quem dá testemunho da sua fé, torna atraente o que diz se o faz com paixão, com conhecimento de causa, com autenticidade.


4. Partilhar as experiências pessoais de encontro com Jesus
Os discípulos atraíram outros para Jesus Cristo porque falaram da própria experiência – pessoal - que tiveram com Ele. A lógica da mensagem só é percebida se há coerência nos comportamentos: dizer versus fazer. Jesus Cristo quis ter discípulos, que fossem um Evangelho Vivo que outros os vissem como testemunho.  Se acaso quisesse deixar apenas ideias, teria escrito um livro, onde constariam todos os seus ensinamentos... como tantos hoje em dia...



5. Defender e salvaguardar o bom nome e a honra da comunidade (Igreja)
Os escândalos estão entre os piores obstáculos para a vida de fé, seja por parte do clero seja por parte do laicato. Os escândalos afastam, denigrem e acima de tudo dão contra testemunho. Quem entra na Igreja por causa de Jesus Cristo (de Deus) não esquece que o faz em comunidade, onde o lema é comunhão, é: “somos um em Cristo Jesus – somos seu corpo” ou ainda “um por todos e todos por um”.

6. Pedir a Deus o Dom da sabedoria necessária para cada situação
Algumas pessoas parecem ser difíceis de serem abordadas. Têm postura hostil ou fazem valer a sua argumentação. Por isso, devemos aprender a falar. Muitos não se atrevem a abrir a boca para falar de Jesus Cristo, envergonham-se, até, de ler alto a Bíblia. Ora, Deus cria as oportunidades de darmos testemunho e, por causa dos nossos medos, podemos deitar a perder esses momentos. Confiemos em Deus que nos ensina o que devemos dizer (Lc 12, 8-12) para vencer os medos de dar testemunho de Jesus Cristo e da nossa fé N´Ele.



7. Começar por procurar pessoas para testemunhar a fé - ir às periferias
É mais fácil às crianças evangelizar outras crianças, os jovens serem apóstolos de outros jovens, e assim em todos os âmbitos da vida.

8. Falar de Jesus a qualquer tempo e lugar
Anunciar e celebrar a fé – a comunhão com Deus - “a tempo” é cumprir o que está programado. Fazê-lo “fora de tempo” é quando o Espírito Santo nos desafia a falar do amor de Deus numa situação não prevista: dentro de um meio de transporte, no supermercado, na escola, praticando esportes, etc.


9. Dar graças em tudo e por tudo...
O discípulo de Jesus Cristo encara qualquer relacionamento como um dom, como um benefício. Vale mais um segundo que seja com outra pessoa na Terra, ensinando-a, consolando-o, enriquecendo-a, ou recebendo isso dela, do que a eternidade sem fazer experiência de ser família de Deus.

10. Chamar todos pelo nome

Assim como Jesus que conhecia todos pelo nome também para o discípulo de Jesus, não há pessoas anônimas, e em cada nome encerra em si uma vida, uma história, uma vocação, uma missão, uma função na comunidade dos crentes e na sociedade.

SENHOR JESUS, DAI-NOS A GRAÇA DE VER-TE E RECONHECER COMO O CRISTO, A QUEM DEVEMOS CONFESSAR NA FÉ, E PROCLAMAR À HUMANIDADE CARENTE DE TI.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Ano Nacional do Laicato: Sal da Terra e Luz do Mundo!



Teve início na Solenidade de Cristo Rei em 26 de novembro de 2017 e seu encerramento como ano de celebração acontecerá também na Solenidade de Cristo Rei de 2018: 25 de novembro de 2018. A temática será: Cristãos leigos e leigas, sujeitos na “Igreja em saída”, a serviço do Reino e o Lema:” Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13 – 14).


Como objetivo geral está o ser Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil, aprofundar  a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão e testemunhar Jesus Cristo e seu  Reino  na sociedade. Comemorar os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os leigos (1987) e os 30 anos da publicação da Exortação Apostólica Christifideles Laici, de São João Paulo II, sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo (1988) no dinamismo, estudo e a prática do documento 105: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade” e demais documentos do Magistério, em especial do Papa Francisco, sobre o Laicato. No estímulo da presença e atuação dos cristãos leigos e leigas, “verdadeiros sujeitos eclesiais”(Dap, n. 497a), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na Sociedade se constituem objetivos específicos.




Como estratégia se levantam as ações: Conclamar toda a Igreja no Brasil: regionais, dioceses, paróquias, comunidades, pastorais, movimentos, as diferentes expressões laicais e os Organismos de comunhão do Povo de Deus, na realização do Ano do Laicato; Desenvolver atividades que culminem na realização de um encontro  nacional com o Laicato no encerramento do ano (Cristo Rei de 2018); Despertar e motivar iniciativas e participação dos ministros ordenados, da vida consagrada e do laicato na realização desse Ano; Dialogar com os diferentes sujeitos da sociedade, promovendo a cultura do encontro e o cuidado com a vida e o bem comum, na esperança de que outro mundo é possível; Envolver os meios de comunicação social nas atividades programadas para o Ano do Laicato.

As atividades serão desenvolvidas em âmbito local, estadual e nacional, dentre elas destacam-se Abertura do Ano em cada Diocese e Paróquia (Solenidade de Cristo Rei – 26 de novembro de 2017); Abertura pela Presidência da CNBB em rede Nacional (28 de novembro de 2017, durante o CONSEP); 14º Intereclesial das CEBs em Londrina – PR (23 a 27 de janeiro de 2018); Abertura da Campanha da Fraternidade de 2018, destacando o papel dos cristãos leigos e leigas na superação da violência; Semana Missionária “Igreja em Saída” nas Igrejas locais. (sugestão mês de julho de 2018): Um Círculo Bíblico em cada rua; Seminários Temáticos nos Regionais; Congresso Latino Americano/Caribenho promovido pelo CELAM sobre os Ministérios , em parceria com as Universidades Católicas. (No Brasil, em data a ser confirmada); Encontros de reflexão no mês de novembro; Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco em 18 de novembro de 2018; Encerramento com a Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus que acontecerá nos dias 23 e 24 de novembro de 2018 e a Romaria do Laicato em Aparecida/SP no dia 25 de novembro de 2018.
Cristãos leigos estão avançados na vida da Igreja e como tal devem ter uma consciência clara, não somente como pertencente à Igreja, mas devem "sentirem-se Igreja", como comunidade unida. Com a proteção da Sagrada Família de Nazaré, vamos juntos celebrar este ano, que pretende dar novo impulso para a vivência laical e novo impulso para  Ser Igreja! Contamos com você!


Papa Francisco: rezemos pelas minorias religiosas na Ásia.

A partir deste mês, neste blogue você terá acesso às intenções, orações e vídeos do Papa Francisco confiados a todos nós! Vamos lá? Ser missionários(as) na oração e junto com o Papa Francisco rezar por todos os desafios da humanidade. Contamos com você!


O que é a Rede Mundial de Oração?
Cada mês, o Santo Padre confia ao Apostolado da Oração uma intenção de oração, intercalando-se entre uma intenção universal e uma intenção pela evangelização: Universal, com temáticas que apelam a todos os homens e mulheres de boa vontade, não só aos católicos; pela Evangelização, mais centrada na vida da Igreja e na sua missão evangelizadora. O Apostolado da Oração divulga estas intenções e reza por elas. São cerca de 40 milhões de pessoas no mundo inteiro. Associar-se a esta família de todas as línguas e culturas é passar a fazer parte de uma rede mundial centrada no Coração de Jesus e unida pelas intenções de oração do Papa.

Qual o sentido desta oração?


Assumindo as propostas de oração do Santo Padre, somos chamados a viver a coerência entre a oração e a vida. Rezar é fundamental, mas deve transformar-nos, levando-nos a agir de acordo com a nossa oração. Rezar por estas intenções abre o nosso olhar e o nosso coração aos problemas do mundo, tornando nossas as alegrias e as esperanças, as dores e os sofrimentos de todos os nossos irmãos e irmãs. Fazê-lo como membro de uma rede mundial de oração torna presente no nosso quotidiano a universalidade da Igreja. Por isso, se recomenda que esta oração diária seja vivida de forma particularmente intensa na primeira Sexta-feira de cada mês, quando todo o AO recorda a revelação do amor do Coração de Jesus por toda a humanidade. Nesse dia, para além da oração pessoal, recomenda-se a participação na Eucaristia, sempre que possível. Como Leigos(as) Missionários(as) Xaverianos(as) temos também como um dos pilares a oração e iremos nos coadunar com as intenções propostas para cada mês.

O Vídeo do Papa
As intenções de oração são confiadas mensalmente à Rede Mundial de Oração do Papa. O Vídeo do Papa é produzido pela La Machi Comunicação para Boas Causas com o apoio da Companhia de Jesus, IndigoMusic, GettyImagesLatam, Doppler Email Marketing e a colaboração do Vatican Media. Tem também como parceiro de mídia Aleteia. Desde seu lançamento em janeiro de 2016, teve mais de 19 milhões de visualizações em suas redes próprias.



O Vídeo do Papa é uma iniciativa global, promovida pela Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração), para colaborar na difusão das intenções mensais do Santo Padre sobre os desafios da humanidade.


Na primeira edição do ano de ‘O Vídeo do Papa’, realizado pela Rede Mundial de Oração do Papa, Francisco nos chama a respeitar as minorias religiosas na Ásia. Também clama por uma verdadeira liberdade na prática da fé neste continente.


Desde 2016, Papa compartilha suas intenções mensais através de ‘O Vídeo do Papa’. Na primeira edição deste ano, Francisco nos pede para respeitar e proteger os cristãos e todas as minorias religiosas da Ásia. Além disso, enfatiza a importância de garantir que esses grupos religiosos possam viver sua fé com absoluta liberdade em cada um dos países do continente.



“Peçamos por todos eles, para que, nos países asiáticos, os cristãos, como também as outras minorias religiosas, possam viver sua fé com toda liberdade”, afirma o Papa. “Coloquemo-nos ao lado dos homens e mulheres que lutam por não renunciar à sua identidade religiosa”, acrescenta.

Assista ao vídeo de janeiro/2018: https://youtu.be/95HjHFoLFCo 



Com mais de 43 milhões de km2, a Ásia é o maior continente do mundo e abriga inúmeras minorias religiosas. Muitas delas convivem, mas em algumas regiões existem enfrentamentos e perseguições religiosas.


“No variado mundo cultural da Ásia, a Igreja enfrenta muitos riscos e sua tarefa é ainda mais difícil pelo fato de ser minoria”, afirmou o Papa. “Esses riscos, esses desafios, são compartilhados com outras tradições religiosas minoritárias às quais nos une em um desejo de sabedoria, verdade e santidade”, completa.


A Congregação dos Missionários Xaverianos está presente nos seguintes países do Continente Asiático:
·         Bangladesh
·         China
·         Filipinas
·         Indonésia
·         Japão
·         Tailândia



Acesse e obtenha maiores informações no site: http://www.xaverianos.org.br

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

DIA MUNDIAL DA PAZ: MIGRANTES E REFUGIADOS EM BUSCA DA PAZ!

Na celebração do 51º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco nos oferece uma mensagem que nos leva a refletir justamente sobre a realidade daqueles que sofrem pela falta da paz, sobretudo os migrantes e refugiados, sobre os quais devemos lançar um olhar contemplativo que brota da fé: considerar que todos pertencemos a uma só família e que todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra.
E, além disso, a considerar que esses nossos irmãos migram movidos pelo desejo de construir uma vida melhor, deixando para trás todo tipo de sofrimento causado pelas discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental ou fogem da guerra e da fome. Somos levados a descobrir que os migrantes e refugiados “não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações (...) e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem” Acolher, proteger, promover e integrar são ações que o Papa nos propõe para ajudá-los a encontrar a paz que procuram.

Veja a íntegra da Mensagem:“Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz” é o tema da mensagem do Papa Francisco para a celebração do 51º Dia Mundial da Paz.
1. Votos de paz
Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,[1] é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, "são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz".[2] E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.
Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.
Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, "nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração"[3]. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmônico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.[4]

2. Porque há tantos refugiados e migrantes?
Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de "uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”[5] que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.
Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas "o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir".[6] As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, "é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental".[7]
A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.
Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.[8]
Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.
3. Com olhar contemplativo
A sabedoria da fé nutre este olhar, capaz de intuir que todos pertencemos "a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha".[9] Estas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O livro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) descrevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.
Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, "isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (...), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça",[10] por outras palavras, realizando a promessa da paz.
Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, este olhar saberá descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a criatividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a porta e o coração a migrantes e refugiados, inclusive onde não abundam os recursos.
Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos "limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido",[11] isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles.
Quem estiver animado por este olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a despontar e cuidará do seu crescimento. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequentemente divididas e polarizadas por conflitos que se referem precisamente à presença de migrantes e refugiados.
4. Quatro pilares para a ação

Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.[12]
"Acolher" faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: "Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos".[13]
"Proteger" lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: "O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva".[14]
"Promover" alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: "Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito".[15]
Por fim, "integrar" significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. "Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus".[16]
5. Uma proposta para dois Pactos internacionais

Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos globais: um para migrações seguras, ordenadas e regulares, outro referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados a nível global, estes pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença.
De fato, o diálogo e a coordenação constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade internacional. Mais além das fronteiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam acolher um número maior de refugiados ou acolhê-los melhor, se a cooperação internacional lhes disponibilizar os fundos necessários.
A Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sugeriu 20 pontos de ação[17]como pistas concretas para a implementação dos supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Estas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que levará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confirma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.
6. Em prol da nossa casa comum

Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: "Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”.[18] Ao longo da história, muitos acreditaram neste "sonho" e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável.
Entre eles conta-se Santa Francisca Xavier Cabrini, cujo centenário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Esta pequena grande mulher, que consagrou a sua vida ao serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos irmãos e irmãs. Pela sua intercessão, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que "o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz".[19]
Vaticano, 13 de novembro – Memória de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos migrantes – de 2017.
Franciscus
[1] Cf. Evangelho de Lucas 2, 14.
[2] Alocução do Angelus (15/I/2012)
[3] João XXIII, Carta enc. Pacem in terris, 106.
[4] Cf. Evangelho de Lucas 14, 28-30.
[7] N.º 25.
[10] Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 71
[11] João XXIII, Carta enc. Pacem in terris, 106
[13] Carta aos Hebreus 13, 2.
[14] Salmo 146, 9.
[15] Livro do Deuteronómio 10, 18-19.
[16] Carta aos Efésios 2, 19.
[17] «20 Pontos de Ação Pastoral» e «20 Pontos de Ação para os Pactos Globais» (2017). Cf. também Documento ONU A/72/528.
[19] Carta de Tiago 3, 18.


FONTE: http://www.vaticannews.va 

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