“30 ANOS DE SACERDOTE DO Pe. JOÃO
Meu irmão e irmã de caminhada
Tem coisas que não dá pra guardar só
para a gente. Sinto-me um vaso pequeno por tanto amor recebido. Partilho com
você um pouco deste amor, presente de Deus, de tanta gente que passaram a fazer
parte em minha vida e você também colaborou neste caminho.
À você a
quem fui chamado a estar muito próximo, partilho algumas surpresas que Deus foi
me fazendo na minha caminhada. Retomo dois textos bíblicos que se tornaram
marcas, bandeiras, ícones em minha vida. O primeiro vem da Festa de Caná da
Galiléia e o Papa Francisco me fez retornar à fonte: “quando batemos na porta
de Maria, ela nos apresenta Jesus” e nos diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser”
(Jo 2,5). O segundo vem de DT 32,7-10 onde somos chamados a recordar os dias
passados e contar para as gerações que Deus nos guardou com carinho. São Guido
Maria Conforti, fundador da minha e nossa família xaveriana dizia: “Deus não
podia ter sido melhor para conosco”.
Ao
celebrar 30 anos de minha vida sacerdotal, não posso me esquecer que Deus me
proporcionou e continua me presenteando com muitas experiências bonitas de sua
graça. Vejam só:
1-
A experiência do dom da vida: agradeço de
coração a Deus e a meus pais por terem me deixado nascer sendo eu um dos últimos
de quase 20 irmãos. Por isso, faço minha esta oração, este cântico: “Senhor da
vida, seu amor nos faz recomeçar. Eu sei que a nossa vida, é vida perdida pra
quem não amar. Bendito seja o Deus da vida.
2-
A experiência de ser amado por Deus: sentir-se amado por Deus faz a gente vibrar com a
vida, apostar na esperança e sonhar que um mundo melhor é sempre possível. Ao
mesmo tempo que somos amados, somos chamados a amar. Esta é uma grande dívida
que temos para com Deus: sermos testemunhas do seu amor cheio de compaixão.
3-
A experiência da vocação cristã : louvo sempre a Deus pela fé que recebi do berço
de minha família e que foi alimentada na minha comunidade, na minha caminhada
vocacional e missionária, tornando-se uma chama que arde e me abre sempre mais
para a ação do Espírito Santo.
4-
A experiência de oração: como os primeiros discípulos, também eu como
discípulo missionário de Jesus Cristo peço sempre a Ele, “ensina-me a rezar”.
Dai-me “ouvidos de discípulo” para lhe escutar, assim como “escutar os clamores
do seu povo”. Abre os meus olhos para um olhar de
fé, de esperança e os meus
lábios para cantar a sua ação na história. Toma o meu coração e conserta-o para
que eu possa testemunhar com toda a minha vida o seu amor misericordioso.
5-
A experiência de um chamado especial de Deus: não tenho palavras para manifestar a minha
gratidão a Deus pelo dom do sacerdócio com o qual Ele me ungiu e pela minha
consagração missionária fazendo parte da Congregação dos Missionários
Xaverianos que me acolheu e me desafia a ser sempre mais de Deus e à serviço do
seu povo, sobretudo daqueles que ainda não fizeram a experiência da ternura e
da bondade de Deus.
6-
A experiência da caminhada com o povo de Deus: Não me canso de louvar a Deus por tantas
experiências bonitas com o seu povo em
tantos lugares e comunidades por onde passei. Quanta bondade, acolhimento,
alegria, fé, espírito de serviço, gratidão, esperança, amor... Quanta graça,
Senhor! “Somente a sua graça me basta e mais nada”.
7-
A experiência da amizade: Quantos corações amigos encontrei na vida,
sobretudo nestes 30 anos de sacerdócio que vou celebrar em outubro deste ano.
Amigos com os quais partilhei a minha vida. Mães e pais amigos que me acolheram
como filho; filhos e filhas que me acolheram como irmão; jovens, adolescentes e
crianças que me acolheram como pai. Quantos padres, bispos, consagradas e
consagrados que me ajudaram a viver a minha consagração. Quantos leigos e
leigas que me encantam pela
disponibilidade, entusiasmo, pelo espírito de serviço e fraternidade, espírito
missionário, alguns até assumindo como leigos missionários xaverianos. Deus é
sempre criativo e seu carinho de verdadeira amizade nos renova a cada dia.
8-
A experiência da missão além fronteiras: Nunca estive tão perto, tão próximo de Deus como
nos dez anos em que fui presenteado por Ele com a missão em Moçambique. Os
primeiros sentimentos e as primeiras palavras que saíram do meu coração, ao
pisar naquele chão bendito, foi: Deus está aqui! Quanto mais próximo daquele
povo pobre mais aumentava este sentimento. Vibrei com o Papa Francisco quando
ele
disse: ”precisamos ser uma Igreja pobre a serviço dos mais pobres”.
Precisamos ser cada vez mais próximos, sobretudo daqueles que mais precisam da
nossa solidariedade.
9-
A experiência de propor o dom da vocação e
acompanhar os vocacionados:
precisamos crescer na paixão por aquilo que fazemos à partir da escolha de vida
que fazemos. Deus é sempre “Com-Paixão”, por isso tem o poder de tocar nos
corações e despertar os sonhos que ele colocou dentro de cada um dos seus
filhos e filhas. Faço com prazer a minha missão de propor aos jovens o chamado
de Deus e acompanhá-los em seu discernimento. Precisamos ser geradores desta
vida que muitas vezes fica em sonhos frustrados porque não tocamos no coração
das pessoas por não vivermos em profundidade a nossa vocação. Precisamos
apostar na juventude pois Deus continua chamando e sonhando com eles . Diga
como o salmista e como Maria: “Eis que venho, com prazer, fazer a vossa vontade,
Senhor”.
10-
A
experiência da cruz e da ressurreição: Deus sempre nos surpreende com seu
amor. Deixou o seu Filho Jesus morrer pregado na
cruz pela nossa salvação. Um
instrumento de maldição tornou-se instrumento de paixão, de vida em plenitude.
Nestes últimos dias ele me surpreendeu, após um exame no intestino com a doença de dois pólipos cancerígenos: um
de alto grau, outro de grau menor. Recebi esta notícia no dia da chegada do
Papa Francisco no Brasil. Coloquei-me nas mãos de Deus pedindo a intercessão de Nossa Senhora
Aparecida e de São Guido Maria Conforti. O meu
pedido foi este: “Senhor, se for para crescer na sua graça,
faça-se a sua
vontade e, se não for para crescer na sua graça, faça-se a minha vontade, pode
me levar, pois não quero perder tantas graças que recebi. No domingo da
despedida do Papa Francisco acordei com muita dor no intestino, coisa que nunca
tive e, celebrando a Santa Missa das
10,30 hs na Igreja Bom Pastor, em Curitiba, no final da homilia, convidei o
povo a olharmos para a Imagem de Nossa Senhora Aparecida com aquele olhar do
Papa Francisco, em Aparecida, pedindo força para sua missão e para a juventude.
Desde aquele momento já não sei mais o que é dor e tenho certeza que Deus me
curou. Estou sendo acompanhado pela medicina e os próprios médicos me incentivaram
a contar a ação de Deus, sobretudo por terem descoberto ainda no início,
tornando-se mais fácil de cirurgia. Porém, o milagre maior foi o de sentir um
Deus muito próximo de mim, por ter aumentado a minha fé e de renovar com maior
ardor missionário a minha consagração e o meu sacerdócio apostando sempre mais no Carisma e na
espiritualidade missionária de S. Guido Maria Conforti.
Muito Obrigado, Senhor, por este
grande presente que me deu para que eu pudesse estar celebrando os 30 anos de
minha vida sacerdotal acolhendo com muita fé e alegria as surpresas do seu amor
para comigo e renova-me em minha consagração, o meu sacerdócio sempre em vista
da missão.
.
Finalizo propondo à você as três
posturas com as quais o Papa Francisco nos desafiou:
a) Conserve
sempre a esperança
b) Deixe-se
surpreender por Deus
c)
Viva com alegria a sua fé.
Pe. João Bortoloci Filho
joaobortoloci@bol.com.br
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